Desembargador acusado de manter mulher em trabalho análogo a escravidão diz que quer 'adotá-la'

Vítima não tem registro em carteira de trabalho e não recebia salário

O desembargador Jorge Luiz Borba, de Santa Catarina, investigado por manter uma mulher surda em condição análoga à escravidão, declarou neste domingo (11) que deve pedir judicialmente o reconhecimento da filiação afetiva dela.

A nota divulgada pela família é assinada ainda pela esposa de Jorge, Ana Cristina, também investigada pelo Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF), e pelos quatro filhos do casal.

Há cinco dias, o desembargador e a esposa foram alvos de uma operação da Polícia Federal em Florianópolis que apura indícios de "prática criminosa" após relatos de "trabalho forçado, jornadas exaustivas e condições degradantes" contra a vítima, identificada apenas como "S".

De acordo com as investigações, há pelo menos 20 anos, o casal teria mantido em casa a mulher que realiza várias tarefas domésticas, mas não tem registro em carteira de trabalho e não recebe salário.

Segundo o MPF, a mulher tem deficiência auditiva, nunca teve instrução formal e não possui o convívio social.

Em nota, Jorge Luiz Borba afirmou que quer garantir à mulher todos os direitos hereditários na "intenção de regularizarem a situação familiar, de fato há muito já existente".

Como a investigação é sigilosa, o MPF não divulgou detalhes sobre o que aconteceu com a mulher. O que se sabe é que ela precisou do auxílio de uma intérprete de libras para prestar depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT), no dia 6 de junho.