A babá do menino Henry Borel, Thayná Oliveira, prestou um novo depoimento à Polícia nesta segunda-feira (13). Em mais de sete horas de declarações, ela voltou atrás e afirmou que mentiu no primeiro depoimento, além de admitir aos investigadores ter conhecimento das agressões que a garoto sofria. As informações são do portal G1.
Durante o testemunho, a babá afirmou que a mãe da criança, a professora Monique Medeiros, pediu que ela mentisse para a Polícia há duas semanas. Além de Thayná, a empregada Leila Rosângela também teria mentido, segundo o depoimento prestado nesta segunda.
A advogada da profissional, Patrícia Sena, afirmou que a cliente contou ter apagado mensagens de WhatsApp nas quais relatava agressões do namorado da mãe do garoto, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho. Segundo reportagem da TV Globo, Thayná declarou aos policiais que agiu assim a pedido de Monique.
Foi com base nessas mensagens, recuperadas por técnicos com a ajuda do aplicativo israelense Cellebrite Premium, que a polícia concluiu que a babá mentira no primeiro depoimento e chegou a cogitar sua prisão, por falso testemunho, mas permitiu que se retratasse e prestasse novas declarações no inquérito.
No depoimento, Thayná afirmou que não viu as agressões do político contra o menino, mas soube que ocorriam, pelo menos, duas vezes por semana.
A babá ainda disse que além dela e da empregada, parentes do casal sabiam das agressões de Dr. Jairinho contra o menino. A profissional também relatou aos policiais que mentiu por ter medo do vereador.
Agressões relatadas
Segundo as investigações, no dia 12 de fevereiro a funcionária que cuidava de Henry contou a mãe que ele estava machucado e se queixava de agressões realizadas por Dr. Jairinho.
"A própria babá fala que o Henry mancava, que ao dar banho uma vez, ele não deixou lavar a cabeça devido à dor", afirmou Henrique Damasceno, delegado titular do 16° Distrito Policial.
A babá também alertou a Monique que o menino era ameaçado por Jairo, evitando que ele contasse das agressões.
No dia 13 de fevereiro, as investigações apontam que a professora levou o filho ao hospital. A senha da pediatria apontava que Henry chegou à unidade de saúde, mancando, acompanhado pela mãe, que alegou que o garoto teria caído da cama no dia anterior, por volta das 17h.
O horário da queda relatado por Monique no hospital chamou atenção da equipe da investigação, pois foi o mesmo em que Henry supostamente teria sofrido as agressões no dia anterior. Segundo a radiografia feita nesse dia no joelho esquerdo, a estrutura óssea foi preservada.
Já no dia em que morreu, conforme a perícia criminal, Henry pode ter sido agredido nas três vezes em que reclamou do som da TV.
A criança teve agressões que variam entre leve, baixa e alta energia. Também no curso das investigações, a perícia criminal apontou que os depoimentos de Dr. Jairinho e de Monique tiveram divergências.
Pai diz não saber das agressões
Antes da babá prestar o novo depoimento, o pai do menino Henry Borel, Leniel Borel, disse estar inconformado com a notícia de que ela sabia de supostas agressões sofridas pelo filho na casa da mãe, Monique Medeiros, e do padrasto, o vereador Dr. Jairinho. As informações são do portal UOL.
Ele acredita que a babá, Thayná de Oliveira, deveria ter lhe contado o que estava ocorrendo com a criança. Ele suspeita que até os avós maternos de Henry souberam desses episódios de agressões.
"Eu me senti enganado. Eu não conhecia a babá do Henry, mas ela tinha meu telefone, deveria ter me avisado disso. Por que ela não me comunicou das agressões?", questionou o pai.
Prisão
O vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho, e a mãe de Henry Borel, a professora Monique Medeiros, foram detidos no dia 8 de abril por policiais da 16ª DP, da Barra da Tijuca, após a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da Capital, expedir mandados de prisão temporária por 30 dias.
Os investigadores afirmam que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa. O inquérito aponta que a criança chegou à casa da mãe por volta de 19h20 de 7 de março, um domingo, após passar o fim de semana com o pai.
Conforme o depoimento prestado pelo pai de Henry na delegacia, a mãe da criança teria ligado para ele por volta das 4h30 de 8 de março e comunicado o incidente. Segundo Leniel, Monique teria dito que encontrou o filho com os olhos revirados e com dificuldade de respirar e o teria levado ao hospital.
Henry foi levado ao hospital pela mãe e pelo padrasto Dr. Jairinho. O menino chegou na unidade de saúde sem vida, com hemorragia interna, laceração hepática, contusões e edemas.
Ao analisar imagens do elevador, os peritos responsáveis pelo caso identificaram que ele já estava morto quando foi levado ao hospital. Diante disso, a Polícia Civil investiga se a mãe da criança, a professora Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho (sem partido), demoraram 39 minutos para socorrê-lo.
A última imagem de Henry foi registrada às 4h09 de 8 de março. Para os investigadores, a esta hora, o garoto, que estava no colo da mãe, já estava morto.