Amarildo da Costa Oliveira e outros dois réus vão a júri popular pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, conforme decisão da Justiça Federal. A defesa dos acusados afirmou, nesta terça-feira (2), que vai recorrer da decisão. As informações são do g1.
Bruno e Dom foram brutalmente assassinados em junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Em documento, além de levar os réus a júri popular, o juiz federal Weldeson Pereira, da Comarca de Tabatinga, também determinou que o trio permaneça preso. Os três homens estão em presídios federais, no Paraná e Mato Grosso, e respondem pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
"Uma vez tendo respondido ao processo até aqui encarcerados e porque persistem os motivos ensejadores da sua prisão preventiva, não há motivo para colocação dos réus em liberdade. Justamente quando são pronunciados, afigura-se ainda mais necessária a manutenção da custódia cautelar", diz a decisão do juiz.
A defesa dos réus reiterou que deve recorrer da decisão. 'É importante deixar claro que a decisão não encaminha os pescadores direto para julgamento pelo júri", disse o advogado.
A data do júri popular ainda não foi informada pela Justiça.
Caso Bruno e Dom
A Polícia Federal apontou que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foram encomendados por Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. O resultado da investigação foi compartilhada em janeiro de 2023.
O 'Colômbia' está preso desde dezembro do ano passado, acusado de ser mandante do crime, e responde na Justiça Federal por um processo no qual é acusado de liderar a pesca ilegal no Vale do Javari. A prisão foi decretada na época porque 'Colômbia' descumpriu as condições da liberdade provisória.
Entenda os assassinatos
Dom Phillips, que era colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
Eles se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM), quando sumiram sem deixar vestígios.
O indigenista denunciou que estaria sofrendo ameaças na região. A informação foi confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre a denúncia. Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) — entidade mantida pelos próprios indígenas da região.
Entre as suas missões, estava a de impedir a caça e a pesca ilegal na reserva, bem como outras práticas criminosas. A Terra Indígena do Vale do Javari concentra o maior número de indígena isolados ou de recente contato do planeta e qualquer aproximação com não indígena pode desencadear um processo de extermínio desses povos, seja pela disseminação de doenças ou enfrentamento direto.
Segundo um dos autores do crime, a motivação do assassinato de Bruno e Dom teria sido justamente a atuação deles na denúncia de acesso e exploração ilegal da reserva. A PF chegou a dizer que não haveria mandantes nem participação de organizações criminosas. A conclusão, no entanto, foi rechaçada pela Unijava, que, em nota, informou terem sido repassados dados sobre organizações criminosas que estariam atuando na região.