Entenda por que países afirmam que soldados da Coreia do Norte estão lutando na Ucrânia
Otan e Europa mostram preocupação
Ao menos 3 mil soldados da Coreia do Norte estão na Rússia, informaram os Estados Unidos na quarta-feira (23), enquanto Kiev e aliados ocidentais temem que a mobilização vire um grande deslocamento de tropas de Pyongang para apoiar a invasão russa à Ucrânia.
Segundo o governo americano, o envio das tropas ocorreu “entre o início e meados de outubro”. Os soldados foram enviados para o leste da Rússia, confirmando informações fornecidas pela Coreia do Sul.
O Centro de Comunicação Estratégica e Segurança da Informação da Ucrânia divulgou vídeo, na última sexta-feira (18), do Campo de Treinamento Sergievsky, na Rússia. Nas imagens é possível ver tropas norte-coreanas sendo municiadas com equipamentos russos em preparação para o envio ao país rival do aliado.
Assista:
Pyongyang e Moscou se aproximaram desde a invasão russa à Ucrânia em 2022, enquanto Seul e Washington denunciam que o líder norte-coreano, Kim Jong Um, tem enviado armas para serem utilizadas no conflito.
No entanto, o envio de tropas para apoiar o exército russo — que está sofrendo grandes baixas no leste da Ucrânia — seria uma escalada significativa desse apoio e um alerta por parte de Kiev e aliados.
Em declarações à imprensa, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que se os soldados norte-coreanos "decidirem se unir aos combates na Ucrânia, se tornarão alvos legítimos".
Soldados da Coreia do Norte estão lutando na Ucrânia?
Os meios de comunicação estatais da Coreia do Norte não se pronunciaram desde que a agência de espionagem sul-coreana disse na semana passada que Pyongyang havia enviado um contingente de 1,5 mil soldados à cidade russa de Vladivostok.
Moscou se recusou, nessa quarta-feira, a confirmar ou rejeitar os relatos. "Por favor, esclareçam isso com Pyongyang", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, em uma coletiva de imprensa.
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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, afirmou que Washington tem provas da presença de soldados da Coreia do Norte na Rússia. "O que exatamente estão fazendo? Isso ainda está por ser visto", disse Austin a jornalistas, segundo um vídeo publicado pelo Washington Post.
"Se (...) sua intenção é participar da guerra em nome da Rússia, isso é um assunto muito, muito grave", acrescentou.
Otan se pronuncia sobre enviado de tropas
A porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Farah Dakhlallah, indicou que países "aliados confirmaram evidências do desdobramento de tropas norte-coreanas na Rússia", mas não identificou quais nações.
"Se essas tropas estão destinadas a combater na Ucrânia, isso marcaria uma escalada significativa no apoio da Coreia do Norte à guerra ilegal da Rússia e outro sinal das perdas significativas da Rússia no campo de batalha", expressou Dakhlallah em um comunicado.
Alemanha preocupada
A Alemanha disse, na quarta-feira, que convocou o enviado da Coreia do Norte para adverti-lo contra o envio de tropas.
"O apoio da Coreia do Norte à guerra de agressão russa ameaça diretamente a segurança da Alemanha e a ordem de paz na Europa", disse o Ministério das Relações Exteriores alemão na rede social X.
Kiev pediu às tropas norte-coreanas na Rússia que baixassem as armas e salvassem suas vidas. "Estamos nos dirigindo aos combatentes do Exército Popular da Coreia que foram enviados para ajudar o regime de Putin. Não devem morrer sem sentido em uma terra estrangeira", disse comunicado emitido por uma iniciativa liderada pela inteligência militar de Kiev.
Acordo militar entre Kim e Putin
O novo alerta ocorre após o líder norte-coreano, Kim Jong Um, e o presidente russo, Vladimir Putin, firmarem um acordo militar em junho.
A Coreia do Sul enviará uma delegação à sede da Otan em Bruxelas na próxima semana para informar a aliança sobre a situação, disseram funcionários.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, pediu a aliados que reagissem e reiterou que um desdobramento norte-coreano poderia piorar ainda mais a guerra.