Em 4 de outubro, a Igreja Católica celebra o dia de São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos pobres, dos animais e da natureza. O santo, nascido em Assis, na Itália do século XII, e batizado como "Giovanni di Pietro di Bernardone", tornou-se uma referência de humanidade ao decidir agir segundo os valores do Cristo e ter compaixão dos mais vulneráveis.
O frade nasceu entre 1181 e 1182, filho de Pedro e Dona Pica Bernardone. Seu pai era um rico e próspero comerciante, que viajava frequentemente para a França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias.
Quando jovem, Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de nobreza. No ano de 1201, incentivado por seu pai, ele partiu para uma guerra que os senhores feudais haviam declarado contra a Comuna de Assis.
Entre 1202 e 1205, incerto quanto ao sentido de sua vida, ele decidiu ser cavaleiro e foi em nome da honra defender a Igreja e seus interesses, convocados pelo Papa Inocêncio III.
Entrega à oração e renúncia de bens
Na cidade de Espoleto, Francisco diz ter ouvido a voz do Senhor, com quem dialogou: "Francisco, o que é mais importante, servir ao Senhor ou servir ao servo?", "Servir ao Senhor, é claro", respondeu ele. "Então, por que te alistas nas fileiras do servo?", "Senhor, o que quereis que eu faça? Volta a Assis e ali te será dito", disse a voz.
Na primeira década do século XIII, Francisco teve visões que sinalizavam como o retorno à terra natal reservava aprendizados fundamentais para realizar seu propósito de vida. Tocado pela conexão divina, perdeu o interesse por seus antigos hábitos (abastados) e passou a exemplificar a renúncia material.
Segundo informações da Canção Nova, em busca de respostas, Francisco decidiu viajar para Roma e visitou a tumba do Apóstolo São Pedro. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.
Rompimento com a família
Indignado com o desapego do filho, o pai de Francisco exigiu que ele lhe devolvesse os bens que recebeu da família e o levou perante o bispo para que o julgasse. Francisco, então, se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: "Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste".
Acolhido pelo bispo, afastou-se da família e dos amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos e à reconstrução das capelas da cidade. A partir de então, Francisco percorreu as vizinhanças levando o Evangelho.
Fundação de Fraternidade
Apesar de não ter a intenção de adquirir seguidores, juntaram-se ao frade Bernardo de Quintaval e Pedro de Catânia. Em 24 de fevereiro de 1208, Francisco deu início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores. Em 1209, o santo e seus companheiros foram até o Papa Inocêncio III e tiveram a instituição reconhecida.
Santificação
No dia 16 de julho de 1228, São Francisco de Assis foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Tornou-se o padroeiro dos animais, pela sua admiração e relação estreita com a natureza. Também foi elevado a padroeiro principal da Itália, em 1939 por Pio XII.
Morte
Ainda conforme a Canção Nova, Francisco ficou muito debilitado a partir do ano de 1224, quando ele teve a visão do Serafim alado e recebeu estigmas. Já no final de agosto, em 1226, ele pediu para ser levado à Porciúncula. No dia 3 de outubro, à tarde, São Francisco de Assis morreu cantando “mortem suscepit”. No domingo seguinte, foi sepultado na igreja de São Jorge, na cidade de Assis.
Dentre as várias ideias atribuídas à filosofia de Francisco, o frade tornou-se uma referência de resignação com reflexões como: "Devemos aceitar com serenidade as coisas que não podemos modificar, ter coragem para modificar as que podemos e sabedoria para perceber a diferença".
Chagas
O título de São Francisco das Chagas tem origem nas cinco chagas, ou "estigmas", de Cristo, que o santo recebeu em um momento de profunda oração no alto do Monte Alverne.
Segundo a tradição bíblica, o profeta Isaías reconhecia Francisco como o "servo sofredor" que "por suas chagas fostes curados". A reflexão sinaliza a empatia entre o frade e todos os seres que sofrem qualquer tipo de violência ou discriminação.
Oração de São Francisco de Assis
"Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a vida eterna! Amém."