Saiba o que é a lista de Jeffrey Epstein, esquema de bilionário que envolve exploração de menores

O magnata abusava de menores em uma ilha particular e em diversas casas nos Estados Unidos, onde recebia personalidades

A chamada lista de Jeffrey Epstein, bilionário envolvido com tráfico sexual de menores em uma ilha particular e em diversas casas nos Estados Unidos, veio à tona nessa quarta-feira (3) por meio de uma série de documentos publicizados pela Justiça dos Estados Unidos, e mostra que ele era ligado a diversas personalidades. Nomes como os dos ex-presidentes norte-americanos Bill Clinton e Donald Trump, e o do príncipe Andrew, do Reino Unido, filho da Rainha Elizabeth II, aparecem nos processos.

Os documentos são parte de um processo de 2015 movido por Virginia Giuffre, vítima e uma das principais acusadoras do magnata, contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein. A mulher o ajudava a recrutar menores de idade para uma rede de exploração. Ela foi condenada em 2022 a 20 anos de prisão. 

O processo de Virginia contra Ghislaine foi resolvido em 2017, mas o jornal Miami Herald foi ao tribunal para acessar os documentos judiciais inicialmente arquivados sob sigilo, incluindo transcrições de entrevistas que os advogados fizeram com possíveis testemunhas. Cerca de 2 mil páginas foram liberadas pelo tribunal em 2019, e documentos adicionais foram desclassificados em 2020, 2021 e 2022.



O lote divulgado nesta quarta contém cerca de 250 registros de seções que foram ocultadas ou totalmente lacradas devido a preocupações com os direitos de privacidade das vítimas de Epstein e de outras pessoas cujos nomes surgiram durante a batalha legal, mas não eram cúmplices de seus crimes. Apenas cerca de 40 desses documentos foram divulgados na quarta-feira. Mais serão lançados nos próximos dias.

Rede de exploração 

Virginia relata que tinha 17 anos quando foi atraída para um suposto emprego de atendente no clube Mar-a-Lago de Donald Trump, na Flórida, e acabou tornando-se "massagista" de Epstein e sendo obrigada a fazer sexo com homens do ciclo social de Jeffrey, como o príncipe Andrew, o ex-governador de Novo México Bill Richardson, o ex-senador dos EUA George Mitchell, o bilionário Glenn Dubin, e outros.  

O príncipe Andrew, que perdeu a maioria de seus títulos reais por conta da associação com o bilionário, negou por diversas vezes a acusação.  Sobre Bill Clinton, um depoimento de 2016, de acordo com o portal g1, apontou que o ex-presidente "gostava de jovens" e "meninas". 

Em 2019, um porta-voz de Clinton disse que ele já havia voado no avião privado de Epstein, mas não sabia dos "crimes terríveis" cometidos por ele. 

Jeffrey Epstein

Magnata financista, Jeffrey Epstein cometeu diversos crimes sexuais por décadas, e foi preso pela primeira vez em 2005, depois de ter sido acusado de pagar uma menina de 14 anos para fazer sexo.

Dezenas meninas menores de idade descreveram abusos sexuais similares, mas os promotores acabaram permitindo que o financiador se declarasse culpado em 2008 de uma acusação envolvendo uma única vítima. Ele cumpriu 13 meses em um programa de liberação de trabalho na prisão.

Os abusos aconteceram nas suas casas na Flórida, em Nova York, nas Ilhas Virgens dos EUA e no estado norte-americano do Novo México.

Ele foi preso outras vezes, e em 2019 se suicidou na prisão enquanto aguarda julgamento. Epstein era conhecido por se associar a celebridades, políticos, bilionários e estrelas acadêmicas.