Subiu para 19 o número de mortos na repressão aos protestos que tomam a Índia nos últimos dez dias. Pelo menos 1.500 pessoas foram presas nas manifestações que se opõem a uma nova lei de cidadania, considerada discriminatória contra os muçulmanos.
Quatro das vítimas foram mortas a tiros na sexta-feira (20) durante confrontos com a polícia no estado de Uttar Pradesh (norte), de acordo com o porta-voz da polícia local. A agência de notícias France-Presse informa que um menino de oito anos também foi morto, em um tumulto durante um protesto na cidade sagrada de Varanasi, na mesma região.
Uttar Pradesh é o estado mais populoso do país e se transformou no principal foco de violência, com nove mortos e muitos internados em estado grave. Governado pelo partido nacionalista, do premiê Narendra Modi, o estado é palco de confrontos entre a maioria hindu e a minoria muçulmana.
Ativistas naquela área dizem que tiveram as casas e escritórios invadidos para impedir que planejassem novas manifestações. As autoridades também fecharam as escolas em todo o estado enquanto os protestos voltam a ocupar as ruas neste sábado (21).
De acordo com as forças de segurança da Índia, pelo menos outras 4.000 pessoas foram detidas e liberadas durante os protestos, que já deixaram outras centenas de feridos na maior insatisfação popular contra o governo de Modi desde sua eleição, em 2014.
Fontes do governo disseram que o premiê se reuniu com ministros neste sábado para discutir novas medidas de segurança relacionadas aos protestos. Além da repressão armada aos manifestantes nas ruas, a Índia tem bloqueado o acesso à internet, inclusive na capital, Nova Déli, para dificultar a organização dos atos.
Os protestos questionam a nova lei de cidadania, aprovada no dia 11. Segundo ela, membros de grupos religiosos, como hindus e cristãos, vindos de vizinhos como Bangladesh, Paquistão e Afeganistão e que se estabeleceram na Índia antes de 2015, poderão pleitear cidadania por causa da perseguição nos seus lugares de origem. Mas a lei não oferece a mesma proteção para muçulmanos, 14% da população da Índia. Críticos afirmam que o governo de Modi, um nacionalista hindu, ameaça a tradição secular do país.