Reino Unido convoca G7 para discutir situação no Afeganistão

O governo britânico defende ante os Estados Unidos que se prolongue as operações de retirada em Cabul

Os líderes do G7 analisarão a situação no Afeganistão durante uma reunião virtual na terça-feira (24), anunciou neste domingo (22) o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, uma semana depois do retorno do Talibã ao poder

"É crucial que a comunidade internacional trabalhe em conjunto para garantir evacuações seguras, prevenir uma crise humanitária e ajudar o povo afegão a proteger os avanços dos últimos 20 anos", tuitou. 

O Reino Unido ocupa atualmente a presidência do "grupo dos 7", que reúne também Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Japão. O primeiro-ministro britânico foi pressionado por uma semana para convocar este encontro. 

Estados Unidos e seus aliados estão sendo criticados pela gestão da crise, especialmente pelo caos no aeroporto de Cabul, com milhares de afegãos aterrorizados que tentam fugir. 

Em uma reunião virtual na quinta-feira (19), os ministros das Relações Exteriores do G7 pediram os talibãs para garantir "a livre passagem de estrangeiros e afegãos" que desejem abandonar o país. 

Ampliação das operações 

Na cúpula virtual, o governo britânico defenderá ante os Estados Unidos que se prolongue as operações de retirada em Cabul, para além da data-limite de 31 de agosto, informou o governo nesta segunda (23). 

"Se é possível convencer os Estados Unidos a ficarem, ou não, é uma questão que caberá ao primeiro-ministro (Boris Johnson) amanhã na reunião do G7", afirmou o secretário de Estado das Forças Armadas, James Heappey, em entrevista ao canal Sky News, referindo-se a uma ampliação do acordo de retirada. 

"Os talibãs terão que escolher: podem tentar se comprometer com a comunidade internacional e mostrar que querem fazer parte do sistema internacional", declarou, "ou podem dar a volta e dizer que não há oportunidade para uma prorrogação".  

Desde que os talibãs assumiram o poder em meados de agosto, milhares de famílias se aglomeraram no Aeroporto Internacional de Cabul e seus arredores, na tentativa de deixar o país antes de 31 de agosto. Esta foi a data estabelecida pelo governo americano para a retirada definitiva de suas forças do Afeganistão. 

Diante do caos das retiradas e sob pressão de seus aliados, o presidente dos EUA, Joe Biden, abriu a porta para manter os soldados no terreno após esse prazo.  

O Exército britânico afirmou na noite de domingo ter retirado 5.725 pessoas do Afeganistão desde 13 de agosto, incluindo 3.100 afegãos, e garantiu que a operação vai continuar "enquanto a situação de segurança permitir". Não foi anunciada uma data para o último voo. 

Talibã faz advertência 

Estados Unidos e seus aliados se expõem a "consequências" caso adiem a saída do Afeganistão, prevista para 31 de agosto, para continuar com as operações de retirada em Cabul, advertiu nesta segunda-feira um porta-voz talibã ao canal britânico Sky News.  

"Se Estados Unidos ou Reino Unido solicitarem mais tempo para continuar com as retiradas, a resposta é não. Ou haveria consequências", declarou Suhail Shaheen, depois que o presidente americano Joe Biden, pressionado por seus aliados, abriu a possibilidade de manter as tropas no país além de 31 de agosto.