Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, revelou nessa terça-feira (23) que o país é responsável por crimes cometidos durante a escravidão no período colonial. Em coletiva de imprensa, o chefe do executivo também explicou que estão inclusos os massacres coloniais.
"Temos que pagar os custos. Existem ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Existem bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos consertar isso", disse em coletiva aos jornalistas do The Guardian.
São raros os casos em que autoridades de Portugal comentam diretamente sobre o passado colonial do país, sendo o maior traficante no comércio transatlântico de pessoas escravizadas — quase 6 milhões de pessoas. Somente para o Brasil, segundo o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos, vieram cerca de 4,86 milhões de pessoas que foram escravizadas entre os séculos 15 e 19.
Há exatamente um ano, durante a comemoração anual da Revolução dos Cravos, Rebelo de Sousa também afirmou que Portugal deveria pedir desculpas e assumir um papel de maior responsabilidade pelo comércio de escravos, mas não chegou a realizar qualquer pedido de desculpa formal. Na época, o presidente do país também afirmou que a colonização do Brasil teve impactos positivos como a difusão da língua portuguesa.
Um relatório do Conselho da Europa de março de 2021, a principal instituição de direitos humanos do continente europeu, concluiu que Lisboa precisa de mais ações afirmativas para confrontar o seu passado colonial e o seu papel no tráfico de escravos, com o objetivo de combater o racismo e a discriminação.