Padre indígena defensor dos Direitos Humanos é assassinado no México

Marcelo Pérez denunciou a violência ligada ao tráfico de drogas na região

O padre Marcelo Pérez, defensor dos direitos humanos, foi morto a tiros neste domingo (20) na cidade de San Cristóbal de las Casas, no México. O religioso havia recebido ameaças anteriormente e contava com medidas de proteção cautelares da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Após celebrar uma missa, o padre estava a caminho de sua paróquia quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram e atiraram contra o veículo em que ele estava. A promotoria loal informou que o corpo do religioso foi encontrado já sem vida, dentro do carro, após o ataque.

LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA

Além de ser padre, Pérez também atuava como um promotor de direitos humanos, sendo reconhecido por diversas organizações internacionais. Ele se destacou por denunciar a crescente violência na região, ligada ao tráfico de drogas

 

Pérez coordenou mobilizações comunitárias nas paróquias onde atuou, incluindo marchas contra a venda de drogas em bares e cantinas.

Em 13 de setembro, durante uma peregrinação pela paz em Tuxtla Gutiérrez, ele declarou: "Já não se aguenta mais a violência". Em 2021, apoiou o grupo Autodefensas del Pueblo El Machete em Pantelhó, mediando entre o governo e o grupo, mas foi acusado de envolvimento no sequestro de 21 homens, o que negou.

Em 2022, frente a rumores não confirmados sobre sua possível prisão, organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a ACAT-France, denunciaram uma tentativa de "criminalização" do padre. 

VIOLÊNCIA NO MÉXICO

No México, em meio a violência crescente, diversos religiosos têm sido de ataques. De acordo com a mídia mexicana, pelo menos nove foram assassinados nos últimos cinco anos.

O bispo da diocese de San Cristóbal de las Casas, Rodrigo Aguilar Martínez, lamentou em uma mensagem o assassinato de Pérez. Ele disse que a Igreja continuará a buscar “paz com verdade e justiça” e anunciou que o funeral do padre será realizado em sua paróquia.

O governador de Chiapas, Rutilio Escandón, disse em sua conta no X que as investigações haviam começado “para que sua morte não fique impune”.