O Prêmio Nobel da Paz 2024 será entregue para o grupo Nihon Hidankyo, organização japonesa formada por sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki que visa a abolição completa das armas nucleares. O anúncio foi feito pela própria premiação nesta sexta-feira (11).
Segundo o comitê do Prêmio Nobel, a escolha do vencedor foi motivada pela escalada dos conflitos internacionais nos últimos anos, que ameaçam novamente a utilização de bombas de destruição em massa. “Neste momento da história humana, vale a pena lembrar-nos do que são armas nucleares: as armas mais destrutivas que o mundo já viu”, reforça.
A Nihon Hidankyo surgiu após os episódios sombrios de agosto de 1945, quando as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram dizimadas por bombas atômicas, deixando cerca de 120 mil mortos.
Os sobreviventes da tragédia, também conhecidos como Hibakusha, se organizaram e criaram um movimento para conscientizar a humanidade sobre o perigo da destruição nuclear, criando uma norma conhecida como “tabu nuclear”.
Essas testemunhas históricas ajudaram a gerar e consolidar a oposição generalizada às armas nucleares em todo o mundo, aproveitando histórias pessoais, criando campanhas educacionais baseadas em sua própria experiência e emitindo alertas urgentes contra a disseminação e o uso de armas nucleares
Embora o anúncio da premiação alerte que o “tabu nuclear” possa estar ameaçado, o texto reflete que organizações como a Nihon Hidankyo ajudam a manter a esperança em uma humanidade livre do terror nuclear. O comitê também comemora o fato de que nenhuma bomba atômica foi usada em guerras nos últimos 80 anos.
“Ao conceder o Prêmio Nobel da Paz deste ano a Nihon Hidankyo, o Comitê Norueguês do Nobel deseja homenagear todos os sobreviventes que, apesar do sofrimento físico e das memórias dolorosas, optaram por usar sua experiência dispendiosa para cultivar esperança e engajamento pela paz”, completa o comunicado.
Premiação histórica
O Prêmio Nobel da Paz é uma das premiações mais simbólicas e importantes para representar o avanço da humanidade em diversas áreas. Ele faz parte dos cinco prêmios estabelecidos pelo sueco Alfred Nobel, junto com de Química, Física, Fisiologia ou Medicina e Literatura. Algumas dessas categorias já anunciaram seus vencedores na edição de 2024.
Em 2023, o Nobel da Paz foi concedido à defensora iraniana dos direitos das mulheres Narges Mohammadi. A ativista e jornalista foi premiada "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e por sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos", conforme anúncio da presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, na época.