A brasileira que foi vítima de xenofobia e espancada na última quarta-feira (29), em Massachusetts, nos Estados Unidos (EUA), comentou sobre as dificuldades que vem enfrentando após as agressões, registradas em vídeo e que causaram repercussão nas redes sociais nesta semana.
Em entrevista ao jornal O Globo, a vítima, identificada como Raíssa Garcia, de 36 anos, afirmou que não consegue mais sair para trabalhar e está com traumas, chegando a escutar a voz da agressora ecoando na cabeça.
A brasileira, que se mudou com os filhos para os EUA em 2018, perdeu um dente e deslocou um braço no episódio. Ela relatou dores na costela e ferimentos acentuados por conta de uma fibromialgia crônica.
“Estou sem condições de trabalhar e meus filhos com medo de ir à escola. A voz daquela mulher ecoa na minha mente o tempo todo falando aquilo que ela repetia para mim. Minha vida não está normal. Ando na rua sentindo que tem alguém me vigiando e falando alguma coisa e, desde aquele dia, não consigo dormir mais”, disse ela.
Repercussão na internet
Raíssa diz que enfrenta dores físicas e psicológicas, além de precisar lidar com comentários ofensivos após o vídeo das agressões viralizar na internet.
Segundo ela, alguns internautas afirmaram que o espancamento foi proposital e armado por ela, no intuito de conseguir o green card, visto permanente de imigração norte-americano, e que ela “deveria ter apanhado até morrer”.
“Ela julgou que eu não era americana. Ela não esperou eu trocar uma palavra sequer. Por que ela chegou a essa conclusão? Porque o meu cabelo é escuro? Porque eu tenho traços indígenas? Sou descendente de índios, sou do Brasil. Tenho muito orgulho de ser brasileira e de ter conseguido chegar sozinha nesse país com dois filhos. Isso ela não vai conseguir tirar de mim”, desabafou.
A agressora, identificada como Michelle Milburn, de 45 anos, foi presa no dia do crime, passou uma noite detida, mas foi liberada pagar uma fiança de aproximadamente R$ 12,6 mil.