O líder supremo do Irã defendeu, nesta sexta-feira (4), em um sermão incomum, o ataque com mísseis de seu país contra Israel e prometeu que seus aliados no Oriente Médio seguirão lutando. Esse discurso é o primeiro do aiatolá, mais alto dignitário na hierarquia muçulmana, Ali Khamenei desde que a República Islâmica lançou o segundo ataque de sua história contra Israel.
"A resistência na região não retrocederá ante esses martírios e vencerá", acrescentou, em referência aos assassinatos de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em 27 de setembro em um bombardeio israelense perto de Beirute, e de Ismail Haniyeh, chefe do Hamas, em um ataque atribuído a Israel em 31 de julho em Teerã.
Também é o primeiro discurso desde que a violência transfronteiriça entre o movimento islamista Hezbollah e o Exército israelense levou a uma guerra no Líbano.
Quase um ano depois do ataque mortal do movimento palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que desencadeou o conflito em Gaza, o Estado israelense anunciou que o "centro de gravidade" se deslocou para o norte, na fronteira libanesa.
O ataque do Hamas foi "um ato internacional lógico e legítimo, e os palestinos tinham razão", afirmou Khamenei, cujo país não reconhece o Estado de Israel. Israel "não consegue prejudicar seriamente" o Hezbollah e o Hamas, afirmou, destacando que a luta do Hezbollah é "vital para toda a região".
Para além de Teerã, multidões de manifestantes se reuniram na Jordânia e no Bahrein, em um sinal de apoio ao Hamas e Hezbollah, apoiados pelo Irã.
Ataque do Irã
Na terça-feira (1º), o Irã lançou 200 mísseis contra o território israelense, afirmando que se tratava de uma resposta pela morte de Nasrallah e Haniyeh.
Uma fonte próxima ao Hezbollah indicou que Nasrallah foi enterrado "provisoriamente" em um local secreto por temor que seus funerais sejam alvo de outro ataque de Israel.
O ataque iraniano motivou trocas de ameaças entre Israel e Irã. No Líbano, o Exército israelense realizou um bombardeio contra a região de Masnaa, no leste, provocando a interrupção da principal rodovia que liga o país à Síria.
Israel acusa o Hezbollah de usar essa rodovia para enviar armas a partir da Síria. Cerca de 310.000 pessoas fugiram nos últimos dias do Líbano para a Síria por Masnaa.
Mortes no Oriente Médio
Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais, quase 2.000 pessoas morreram no Líbano desde outubro de 2023, entre elas pelo menos 1.110 desde 23 de setembro. O governo libanês calcula que cerca de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas.
O ataque do Hamas contra Israel de 7 de outubro deixou 1.205 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo uma contagem baseada em números oficiais israelenses.
A ofensiva de represália israelense em Gaza causou a morte de pelo menos 41.802 pessoas, também civis em sua maioria, segundo números do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.