O economista libertário de extrema-direita Javier Milei surpreendeu ao obter a maior votação nas eleições primárias argentinas, neste domingo (13). Ele disputará a Presidência com a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich (centro-direita) e o ministro da Economia, Sergio Massa (peronismo).
Em um país marcado pela crise econômica, com uma inflação que chega a 115% interanual, e a pobreza em ascensão (40%), o discurso de Milei contra o que chama de "casta política" capitalizou o descontentamento e obteve 30,31% dos votos em sua primeira eleição nacional com seu partido, Libertad Avanza, com 92,00% das urnas apuradas.
Estes resultados, que mostram o eleitorado argentino dividido praticamente em três terços, foram recebidos com euforia na sede de campanha dos libertários, onde se ouvia rock nos alto-falantes para celebrar o surpreendente primeiro lugar.
“Conseguimos construir esta alternativa competitiva que dará fim à casta política parasitária, que rouba, inútil", declarou Milei em seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados. "Estamos em condições de vencer a casta no primeiro turno", acrescentou.
As eleições para escolher o substituto do presidente Alberto Fernández (peronista de centro-esquerda) serão celebradas em 22 de outubro. Um eventual segundo turno está previsto para 19 de novembro.
Quem é Javier Milei?
O deputado libertário de extrema-direita Javier Milei, de 52 anos, sacudiu o cenário político argentino.
Com propostas que vão de eliminar o Banco Central a permitir a venda livre de órgãos humanos, Milei é seguido em seus atos de campanha sobretudo por homens jovens irritados ou indignados com o que ele define como a "casta política".
Solteiro e sem filhos, o amor pelos cães da raça mastim e a relação próxima com a irmã, Karina formam, segundo suas próprias palavras, seu círculo afetivo mais imediato.
Nas legislativas de 2021, sua primeira eleição, seu partido, o Libertad Avanza (Liberdade Avança) foi a terceira força política mais votada na cidade de Buenos Aires, com 17%.
Mas nas últimas semanas, seu nome foi ofuscado por denúncias de ex-colaboradores, segundo os quais ele exigia pagamentos em dólares para inscrever candidaturas às eleições presidenciais e parlamentares de outubro.
Após ter sido eleito deputado em 2021, Milei rifou seu salário, em um gesto de desprezo com os benefícios dos políticos. Suas críticas à intervenção estatal tiveram eco nas regiões mais desfavorecidas da Argentina, onde a pobreza aumenta.
Milei publicou vários livros e também foi acusado de plagiar parágrafos inteiros. Além disso, teve um programa de rádio na internet, chamado "Demoliendo mitos".