Os Estados Unidos realizaram outro ataque com drone no Afeganistão, neste sábado (28), e mataram dois alvos importantes do grupo extremista Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), também conhecido pela sigla em inglês Isis-K. O episódio aconteceu dois dias após o sangrento atentado em Cabul, em que a organização terrorista assumiu a autoria.
"Posso confirmar que dois alvos importantes do EI morreram e outro ficou ferido" no ataque lançado no sábado de fora do Afeganistão, disse o general americano Hank Taylor.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, se negou a explicar se os alvos do ataque estiveram envolvidos diretamente no atentado de quinta-feira no aeroporto, que deixou mais de cem mortos, inclusive 13 militares americanos. "São organizadores e operadores do EI-K, essa é razão suficiente", respondeu o porta-voz em coletiva de imprensa.
Na sexta-feira (27), militares americanos realizaram um ataque com drones contra um "estrategista" do EI-K. "O ataque aéreo não tripulado ocorreu na província afegã de Nangahar. As primeiras indicações são de que matamos o alvo", revelou o capitão Bill Urban, do Comando Central.
Depois do ataque em Cabul, a crise mais grave da Presidência de Joe Biden, o presidente americano prometeu represálias. O ataque foi o golpe mais mortal contra o exército americano no Afeganistão desde 2011.
Nova 'ameaça' no aeroporto de Cabul
Na noite deste sábado, a embaixada americana em Cabul alertou para uma "ameaça específica e plausível" perto do aeroporto de Cabul e urgiu os cidadãos dos Estados Unidos a deixarem a área.
"Devido a uma ameaça específica e plausível, todos os cidadãos americanos nos arredores do aeroporto de Cabul devem deixar a área do aeroporto imediatamente", informou a embaixada em um alerta de segurança.
Mais cedo, o presidente Joe Biden advertiu que um novo ataque contra o aeroporto de Cabul é "muito provável" nas "próximas 24 a 36 horas" e comentou que o bombardeio americano que matou dois membros do EI não será "o último".
"A situação no local continua sendo extremamente perigosa e a ameaça de um ataque terrorista no aeroporto continua sendo alta", informou o presidente americano em um comunicado, após se reunir com seus assessores militares e de segurança.
"Nossos comandantes me informaram que era muito provável que ocorra um ataque nas próximas 24 a 36 horas".
Saída de estrangeiros
Várias mensagens contraditórias de talibãs e americanos acentuaram a tensão até a data limite de 31 de agosto, prevista para encerrar a retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão após 20 anos de guerra.
Através de seu porta-voz, Bilal Karimi, os talibãs reivindicaram o controle de "três importantes setores da parte militar do aeroporto" de Cabul.
Pouco depois, o porta-voz do Pentágono negou que os talibãs estivessem "a cargo de nenhum de seus portões", nem "nenhuma das operações do aeroporto". A incógnita persiste sobre como os últimos candidatos à retirada de Cabul vão sair.
"Temos listas dos americanos (...) Se seu nome está na lista, pode atravessar" os postos de controle até o aeroporto, afirmou um encarregado talibã à AFP perto do terminal de passageiros.
Os voos de repatriação fretados pelas potências ocidentais retomaram sua atividade, embora segundo o chefe das forças armadas britânicas, o general Nick Carter, restem muito poucos voos.
A Grã-Bretanha concluiu suas operações aéreas neste sábado. Em terra ficarão 150 britânicos e entre 800 e 1.000 afegãos, explicou o general, que reconheceu que esta decisão é "dolorosa".
A França já iniciou contatos com o Catar, que mantém canais de comunicação com os talibãs, para prosseguir com as retiradas após 31 de agosto, informou o presidente Emmanuel Macron durante uma conferência no Iraque.
A chanceler alemã, Angela Merkel, conversou com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o holandês, Mark Rutte, para analisar os próximos passos das retiradas.
No aeroporto de Cabul ainda há cerca de 5.400 pessoas esperando para embarcar em um avião, disse o general americano Hank Taylor, destacando que as retiradas serão mantidas "até o último momento".
Quase 112.000 pessoas foram evacuadas desde 14 de agosto, véspera da entrada dos talibãs em Cabul, segundo os números mais recentes do governo americano.