Entenda o que é a Faixa de Gaza e como território é tão importante em meio a conflito Israel-Hamas

Limitada ao norte e ao leste por território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito, a região é marcada pela pobreza e pela superpopulação

Em resposta ao ataque do grupo extremista Hamas a Israel, a Faixa de Gaza vivenciou o dia mais mortal em 15 anos. Autoridades relatam que quase 300 palestinos foram mortos em 24 horas. No sábado (7), o Hamas bombardeou Israel e, logo em seguida, declarou guerra. Em ambos os lados, já há mais de 900 vítimas, segundo informações da agência Reuters.

A Faixa de Gaza é uma estreita região de 360 km² governada pelo Hamas. 2 milhões de palestinos vivem na área, que é limitada ao norte e ao leste por território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito. 

Marcada pela pobreza e pela superpopulação, a região havia sido tomada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Apesar de ter sido entregue ao povo palestino em 2005 para compor o Estado da Palestina, a população vive sob intensas restrições por parte dos israelenses. Esse cenário ficou ainda mais duro após o Hamas assumir o controle, em 2007.

A divisão do território 

O conflito entre israelenses e palestinos remonta ao início do século passado. Uma migração em massa de judeus de vários países para a Palestina, entre a segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20, provocou uma mudança na demografia local. A região, que até 1917 pertencia ao Império Otomano e depois, até 1948, foi um protetorado britânico, é majoritariamente árabe e passou a ter uma população judaica cada vez maior.

Houve confrontos entre árabes e judeus nos primeiros anos de mandato britânico na Palestina e assim começaram a ser discutidas as medidas a serem adotadas. Em 1947, pouco antes da retirada dos britânicos, a Organização das Nações Unidas (ONU) pôs em prática um plano de divisão do território em duas partes, sendo uma para os judeus e outra para os árabes. Porém, uma guerra civil entre os dois povos foi gerada devido à insatisfação em torno desse mapa.

Com a saída dos britânicos, em 1948, países árabes vizinhos tentaram invadir o recém-criado Estado de Israel. Ao término do conflito, os israelenses mantiveram seu território e ocuparam parte do território destinado aos palestinos pela ONU. O Egito passou a controlar a Faixa de Gaza e a Jordânia ficou com a Cisjordânia.

A Guerra dos Seis Dias 

Gaza e Cisjordânia se mantiveram sob ocupação estrangeira árabe até 1967, quando a Guerra dos Seis Dias, entre Israel e as nações vizinhas, resultou na ocupação israelense da Faixa de Gaza e da Cisjordânia (incluindo a parte oriental de Jerusalém).

A partir daí, Israel assumiu uma política de colonização de Gaza e da Cisjordânia com judeus, por meio de assentamentos. Por vários anos, a ONU considerou a ocupação dos territórios palestinos ilegal e determinou que Israel retornasse às fronteiras pré-1967, o que tem sido ignorado pelo governo israelense.

Apenas em 2005, Israel decidiu retirar seus colonos e militares da Faixa de Gaza, entregando sua administração à Autoridade Nacional Palestina (ANP). Apesar disso, Israel continuou a controlar as fronteiras e o acesso marítimo a Gaza. 

O controle da Faixa de Gaza 

Em 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas e, em seguida, rompeu com o Fatah, organização política e militar palestina. Dessa forma, o controle de Gaza foi tomado pelo movimento fundamentalista islâmico enquanto o rival político mantinha o controle sobre a Cisjordânia.

Visto como um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e por países europeus, o Hamas sofreu uma série de sanções por parte desses países. O governo israelense ampliou a vigilância sobre Gaza, aumentando seu controle sobre as fronteiras e restringindo a circulação de produtos e pessoas entre os dois territórios. Desde então, houve uma série de confrontos abertos entre as duas partes: o governo israelense e o Hamas.

Além dos confrontos abertos que resultaram em centenas de mortes (na maioria, de palestinos), a relação entre israelenses e palestinos nas últimas décadas tem sido marcada por atentados, conflitos entre militares israelenses e civis palestinos, intifadas (revoltas populares) e tentativas de acordos de paz que sempre são emperradas por algum motivo.

Entre os pontos de desacordo estão a divisão de Jerusalém entre palestinos (leste) e israelenses (oeste), a retirada dos colonos israelenses de terras palestinas, o retorno de refugiados das guerras árabe-israelenses a suas antigas terras e o reconhecimento da Palestina como Estado independente.