Com aumento de casos, Portugal vai às urnas e reelege presidente

Apesar da volta ao confinamento geral após o aumento de casos no país, as eleições presidenciais ocorreram ontem

Com máscaras, praticando distanciamento e usando as próprias canetas, portugueses foram às urnas ontem para votar nas eleições presidenciais, mesmo com casos de Covid-19 alcançando níveis recordes no País.O atual presidente de Portugal, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, foi reeleito em primeiro turno para um mandato de cinco anos. 

Alguns votantes afirmaram ter esperado meia hora em filas que dobravam esquinas, já que, segundo as regras, as pessoas deveriam manter dois metros de distância umas das outras e somente uma era permitida dentro de cada sala de votação por vez.

Confinamento

Com voto facultativo, as eleições acontecem no pior momento da pandemia de coronavírus, com o país de dez milhões de habitantes voltando para um confinamento geral.

Além das lojas e restaurantes, o Governo fechou as escolas por 15 dias, enquanto no domingo um novo recorde foi registrado, aumentando o número total desde o início da pandemia para mais de 10.500 mortes.

Com mais de 85 mil novos casos registrados e quase 1.500 óbitos na última semana, Portugal ocupa o primeiro lugar no mundo em número de infectados em relação à população do país. A abstenção ficou em 61,6%, novo recorde histórico nas eleições presidenciais desde o estabelecimento do regime democrático, em 1974. Analistas temiam uma abstenção maior, de até 70%, devido à explosão de casos de coronavírus no país

Derrotados

A ex-deputada socialista Ana Gomes ficou o segundo lugar, à frente do candidato da extrema-direita André Ventura. Em meio a muitos pedidos de adesão ao partido de extrema-direita, o "Chega" e seu líder, André Ventura, acabaram atraindo a atenção e o apoio de algumas das lideranças da ultradireita europeia.

A luta pela vice-liderança nas eleições presidenciais de ontem, além da questão simbólica de força política, também ajuda a demarcar o tamanho da ascensão da direita radical na política lusitana, que durante anos foi considerada, de alguma forma, "imune" a esse tipo de discurso.