América é o epicentro do surto de monkeypox, alerta organização de saúde

Mais de 30 mil casos da doença foram registrados nas américas

A América se tornou epicentro do surto de varíola dos macacos e conta com o maior número de casos no mundo, segundo alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta quarta-feira (7). Mais de 30 mil casos de monkeypox foram registrados nos países do continente até essa terça-feira (6).

A maioria dos casos é no Brasil, nos Estados Unidos, no Peru e no Canadá, de acordo Carissa Etienne, diretora da Opas, em coletiva de imprensa nesta quarta.

Os casos continuam predominantes em homens que fazem sexo com homens, mas também há registros de pelo menos 145 casos em mulheres e 54 entre menores de 18 anos.

Até agora, quatro mortes relacionadas à varíola dos macacos foram notificadas, sendo no Brasil, Cuba e Equador. Como as vacinas contra a monkeypox são limitadas, a Opas recomenda prioridade aos grupos de alto risco e pede que também seja trabalhada a comunicação, evitando o estigma e a discriminação da comunidade LGBTQ+.

"O estigma não tem cabimento na saúde pública" e impede que pessoas em risco sejam testadas quando apresentam sintomas, disse Etienne. "Se não formos proativos em superar essas barreiras, a varíola dos macacos se espalhará silenciosamente", alertou.

Acordo para vacinas 

A Opas fez um acordo com o laboratório Bavarian Nordic para fornecer 100 mil doses de vacinas contra a varíola dos macacos aos países da América Latina e do Caribe por meio de fundo rotativo. Em setembro,12 que já solicitaram já começam a receber. 

Cerca de 20 mil doses devem desembarcar no Brasil ainda neste mês. Mais 30 mil devem chegar em outubro, de acordo com o Ministério da Saúde. 

A diretora da Opas insistiu, porém, que as vacinas "só complementam" outras medidas como vigilância, testes e o rastreamento de contatos e, embora possam ser administradas preventivamente, por exemplo, a profissionais de saúde, a vacinação em massa não é recomendada.

Mutações 

Vírus como o da varíola dos macacos, que são compostos por material genético de DNA, apresentam "um processo de evolução e acúmulo de mutações" normalmente mais lentos que o da Covid-19, mas em alguns países já se observa uma "microevolução" que pode gerar sublinhagens, explicou Jairo Andrés Méndez Rico, assessor para doenças virais emergentes da Opas.

Ainda assim, "até o momento nenhuma mudança foi associada a uma maior capacidade de transmissão", especificou na coletiva.

Nessas circunstâncias e em uma região onde muitos países dependem do turismo, Ciro Ugarte, diretor de emergências sanitárias da Opas, aconselhou dar prioridade à informação para que turistas e nacionais que retornam saibam aonde ir em caso de sintomas. "Não deve haver nenhuma restrição às viagens", reiterou.

Covid-19

Além da varíola dos macacos, a Opas continua preocupada com a Covid-19. Os casos, hospitalizações e mortes pela doença diminuíram nos Estados Unidos, embora 4.954 mortes tenham sido registradas na semana passada, segundo a agência.

Em comparação com outras doenças, a Covid “segue sendo uma ameaça relevante” porque o vírus continua a circular e podem surgir novas variantes.

É por isso que a organização pede aos países que alcancem cidadãos que não receberam nenhuma dose da vacina.

Dez países e territórios da região "ainda não vacinaram totalmente 40% de suas populações", disse Etienne, enfatizando que os não vacinados "serão os mais afetados quando a próxima onda de casos chegar".