Estudo publicado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) revela que quase metade dos testes para detecção da Covid-19 realizados no Brasil foi aplicada em tempo inadequado, comprometendo, assim, sua eficácia. A região Nordeste teve o índice mais baixo da pesquisa, de 41,6%
No caso do RT-PCR, considerado o diagnóstico padrão-ouro, 47,9% das aplicações foram feitas em prazo incorreto, que deve ser de 3 a 7 dias do aparecimento dos sintomas.
Já o teste rápido de anticorpo, que deve ser realizado a partir do oitavo dia do surgimento dos sintomas, teve 46,6% de suas aplicações fora do prazo.
Por sua vez, o teste rápido de antígeno teve 68% das aplicações no período incorreto, que deve ser de 2 a 7 dias da manifestação da doença.
Notificações analisadas
A pesquisa “Intervalo de tempo decorrido entre o início dos sintomas e a realização do exame para COVID-19 nas capitais brasileiras, agosto de 2020”, analisou 1,79 milhão de notificações de casos suspeitos da doença feitas em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, em um período de seis meses.
A região Sul liderou o índice, com 66,1% dos testes realizados em período inadequado.
Transmissão
O resultado preocupa pela possibilidade de uma elevada taxa de exames falso- negativos, o que pode acabar ajudando a transmissão do vírus, segundo comenta Elisângela Teixeira, professora do Departamento de Enfermagem da UFC.
"Isso pode gerar uma repercussão principalmente para os idosos e imunocomprometidos, bem como aumenta o risco de transmissão para os profissionais de saúde e para a população, porque a gente demora mais tempo para isolar essas pessoas", comenta.
O Brasil aplica, hoje, cinco tipos de testes para a Covid-19, mas somente os exames RT-PCR (841,0 mil testes) e teste rápido de anticorpo (827,7 mil) responderam por 92% do total de exames analisados no período. Cada um dos cinco tipos possui um tempo adequado específico para a sua aplicação.