Estimulação do nervo vago traz melhora à pacientes com Parkinson, aponta estudo

Terapia não invasiva promoveu melhora na marcha e aspectos motores de pacientes com a doença

Um estudo internacional publicado no periódico Nature avaliou biomarcadores clínicos e moleculares do Mal de Parkinson a partir da estimulação não invasiva do nervo vago e verificou que sintomas da doença podem melhorar. Ao todo, 36 pacientes foram analisados. 

A terapia não invasiva promoveu melhora considerável na marcha e aspectos motores de pacientes com a doença, especialmente em terapia aplicada três vezes ao dia, durante um mês.

O estudo está mostrando nova possibilidade de terapia para ajudar no chamado freezing (congelamento) de marcha, isto é, na dificuldade que o paciente tem para começar a andar, segundo disse a diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), neurocirurgiã Vanessa Holanda, à Agência Brasil. 

“Já existiam outros estudos antes com a estimulação do nervo vago para epilepsia e, inclusive é feito aqui no Brasil para essa finalidade, mas agora eles estão fazendo o estímulo do nervo vago para ajudar na doença de Parkinson. E de uma forma também não invasiva”.

Risco de queda pode diminuir

Para a especialista, isso pode somar na qualidade de vida dos pacientes e reduzir o risco de queda, um dos grandes problemas para os acometidos com a doença.

A técnica testada pelos pesquisadores estrangeiros é mais comum em casos de epilepsia, cefaleias, depressão, e consiste no uso de um dispositivo portátil acoplado em determinada região para receber estímulos elétricos. 

O nervo vago começa na cabeça e se estende até órgãos do tórax, como coração e pulmão, e acaba no estômago, segundo explicou Vanessa. “É um importante meio de comunicação entre cérebro e corpo e sabe-se que sua estimulação pode combater a condição de neuroinflamação, presente na doença de Parkinson”.

Aliado no tratamento

Para a presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro (SNCRJ), Mariangela Barbi Gonçalves, o resultado do estudo é “mais um aliado no tratamento dos sintomas da doença de Parkinson, que é muito debilitante”.

O nervo vago é o mais comprido nervo craniano do corpo humano. O aparelho usado no estudo é uma espécie de gerador que dá pequenos choques, ou estímulos, por onde passa o nervo.

Mariangela Gonçalves informou que os doentes de Parkinson, em geral, são lentos, tanto na caminhada, quanto nos movimentos. Isso é conhecido na medicina como bradicinesia. Os pacientes têm dificuldade de manter uma postura, estão sempre caindo para um lado; são muito rígidos.