Stefani Firmo, estudante de enfermagem que teve o seu rosto cortado durante uma viagem entre Recife e Salvador na última semana (29), contou ao jornal O Globo, detalhes dos acontecimentos que antecederam o ataque no ônibus. Ela afirmou que a suspeita do corte era a única acordada quando ela percebeu estar ferida e que "agiu com frieza".
A Polícia investiga os suspeitos do corte, da boca até a orelha, que deixou uma cicatriz de 18 pontos no rosto de Stefani.
"Antes de eu dormir, por volta das quatro horas da manhã, eu tive a sensação de que essa mulher estava mexendo no meu cabelo. Eu ainda pensei 'daqui a pouco essa mulher vai é cortar meu cabelo', mas foi só um pensamento rápido, não imaginei que de fato ela pudesse fazer alguma coisa. No momento, coloquei meu cabelo para a lateral e me cobri com edredom", relata Stefani.
Ao acordar após sentir uma ardência na pele e ser ver ensanguentada, Stefani afirma que só a mulher, que aparenta ter 50 anos, com o cabelo curto, ruivo e cacheado, estava acordada no veículo. Vídeo mostra momento em que passageira se aproxima da vítima.
Stefani viu a mulher acordada quando foi buscar um remédio com a colega que dormia em outro assento. Para a estudante, a suspeita foi a primeira pessoa do ônibus que a viu sangrando. Stefani ainda acrescenta que, mesmo a vendo ferida, a suspeita não teve interesse em saber o que havia ocorrido ou lhe prestar algum tipo de ajuda, o que também considerou um comportamento estranho para as circunstâncias.
"Ela agiu com frieza, simplesmente olhou para mim, viu que estava sangrando, mas virou o rosto, sendo totalmente fria, apática. Quando minha amiga a procurou para ela dizer se tinha visto alguma coisa, já que estava acordada, ela respondeu que nem sabia o que estava acontecendo", disse ao O Globo.
A estudante relata ainda que a mesma mulher apenas se manifestou ao perceber que ela havia abordado o motorista para falar sobre o ocorrido, descido do veículo e pedido para ir à delegacia mais próxima.
Conforme Stefani, além dela, outros passageiros também desconfiaram da atitude da suspeita, que passou a se mostrar inquieta. Após se trancar por cerca de 20 minutos no banheiro, a passageira bateu na porta e pediu para desembarcar.
Arma do crime
Segundo a vítima, a suspeita estava com uma faca de churrasco, uma tesoura e um alicate - objetos que foram encontrados limpos. A jovem acredita que, no tempo que a mulher passou no banheiro do ônibus, ela limpou a faca ou até mesmo descartou uma navalha.
Stefani contou que tem receio de que o objeto cortante possa ter sido outro, e que tenha sido jogado fora no momento em que a suspeita teve acesso à rua, antes de chegar na delegacia.
A Polícia Civil divulgou uma nota informando que "os laudos periciais são aguardados. Uma faca localizada com a passageira foi encaminhada à perícia, para saber se foi utilizada na ação. Caso seja comprovada a autoria, a mulher poderá ser indiciada por lesão corporal".