A cidade de Maceió, Alagoas, vive o risco de colapso do solo, um problema iniciado em 2018 depois de décadas de exploração de minas pela empresa Brasken. Nesta semana, a gravidade da situação levou a Prefeitura do município a decretar estado de emergência por 180 dias.
Apesar de a mina ficar localizada na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, vários outros bairros podem ser atingidos pelo afundamento do solo. Segundo a Defesa Civil municipal, cinco bairros estão na região de risco: além de Mutange, os bairros de Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol são atingidos pelo problema.
O órgão dividiu a região entre criticidade 01, em que é feito o monitoramento, e criticidade 00, em que é necessária a realocação dos moradores. Na última quarta-feira (29), a Justiça acatou pedido para realocação das famílias que moram em 23 imóveis no bairro Bom Parto — as casas ficavam em área em que o nível de criticidade aumentou.
Além da Defesa Civil municipal, o novo Mapa de Linhas de Ações Prioritárias divulgado pela Prefeitura de Maceió foi atualizado em colaboração com a Defesa Civil Nacional e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Desde 2018, mais de 14 mil imóveis foram desocupados nos cinco bairros atingidos.
Ruína da mina
O risco iminente de ruína da mina de número 18 da Brasken colocou a cidade em alerta e fez com que a Prefeitura decretasse estado de emergência no local. A estrutura, que vinha se movimentado aproximadamente 50 cm por dia, teve o deslocamento intensificado nos últimos dias.
A região afunda agora na velocidade de 2,6 centímetros por hora e teve um deslocamento vertical acumulado de 1,42 metros. Estudos constataram ainda um aumento na movimentação do solo da mina, o que indica a possibilidade de surgimento de uma cratera.
A instabilidade no solo de Maceió foi causada pela extração de sal-gema do subsolo e ocasionou o afundamento de cinco bairros. O afundamento do solo causou, apenas entre os dias 19 e 24 de novembro, mais de 1.011 tremores nos bairros atingidos.
Após a extração do minério, as minas ficaram cheias com um líquido químico que vazou, formando vários desabamentos. Os tremores seriam também relacionados a acomodação do solo, a partir dos deslocamentos no subsolo.
A prefeitura de Maceió e a Braskem fecharam um acordo em julho deste ano, assegurando ao município uma indenização de R$ 1,7 bilhão por conta do afundamento dos bairros.
De acordo com o órgão, os recursos serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM).