Você, alguma vez, não conseguiu se mexer ao acordar? Tinha plena consciência de que havia despertado, mas não conseguia falar ou fazer nem um movimento mínimo sequer por alguns segundos? Se sim, saiba que esse pode ter sido um episódio de paralisia do sono.
O distúrbio é mais frequente ao acordar, mas também há relatos de quem sente a paralisia pouco antes de dormir. Segundo a Rede D’Ór, acontece, geralmente, entre o sono e a vigília.
“O que o indivíduo sente, normalmente, é uma sensação como se não conseguisse, de fato, movimentar o corpo. Algumas pessoas dizem que é como se o corpo estivesse ‘preso’ ali”, explica Manoel Sobreira*, médico neurologista com atuação em Medicina do Sono.
O que é a paralisia do sono?
A paralisia do sono é um distúrbio do sono no qual o indivíduo, ao acordar, sabe que está desperto, mas não consegue falar e movimentar de forma nenhuma a própria musculatura.
É como se existisse uma dissociação temporária entre a consciência e as funções motoras, perceptivas, emocionais ou cognitivas do corpo. Em alguns casos, além de não conseguir se mover, a pessoa pode sentir angústia, aperto no peito e até alucinações.
O Instituto do Sono descreve a experiência como uma “mistura de sensações” de estar desperto e sonhando ao mesmo tempo ou como se estivesse tendo um pesadelo, acordado.
Tipos
O Instituto do Sono classifica a paralisia em três tipos, de acordo com os sintomas manifestados pela pessoa:
- Intruso: medo, sensação de que há um estranho presente ou uma presença maligna. Geralmente, é acompanhado de alucinações visuais e auditivas;
- Experiência corporal incomum: a pessoa tem a sensação de flutuar, sair do corpo e ver o próprio corpo na cama, como se estivesse acima dele. Pode ainda ter ilusões de movimento;
- Incubus: sensação de pressão no peito e falta de ar.
Quais os sintomas da paralisia do sono?
Conhecer os sintomaspode ser útil para manter a calma diante de um episódio e, consequentemente, evitar crises de ansiedade durante o processo.
O mais comum é se sentir “preso” no próprio corpo, sem conseguir se mexer ou falar, mas também podem ocorrer alucinações visuais e auditivas, angústia e aperto no peito.
Quanto tempo dura?
Nenhum dos sintomas citados é maléfico e todos passam em questão de segundos ou poucos minutos. O toque de outra pessoa também pode ajudar nesse despertar “completo”.
O que causa a condição?
De acordo com o médico Manoel Sobreira, são muitas as possíveis causas para a paralisia. A mais comum é a privação do sono, ou seja, quando o indivíduo dorme menos horas do que seu corpo precisa ou quando ele costuma ter um sono muito conturbado.
No entanto, outros distúrbios do sono, como a narcolepsia, e transtornos psiquiátricos também podem provocar a paralisia. Além disso, conforme o Instituto do Sono, são causa:
- Estresses e traumas;
- Influências genéticas;
- Dormir de barriga para baixo;
- Crenças anômalas;
- Uso de substâncias psicoativas.
Como acordar da paralisia do sono?
Ninguém “acorda” de uma paralisia do sono, já que se trata de um distúrbio que acontece justamente no despertar. Geralmente, o episódio dura poucos segundos ou minutos, sem necessidade de intervenção médica, e não provoca nenhum efeito ou trauma duradouro.
Somente é indicado buscar ajuda profissional quando os episódios forem recorrentes e isso provocar “medo de dormir”.
Contudo, para ajudar no “despertar completo”, uma dica importante é focar em tentar recuperar os movimentos e no que está em seu entorno.
Como evitar paralisia do sono?
Como uma das principais causas é justamente a privação do sono, a primeira coisa que você pode fazer para evitar o distúrbio é manter uma rotina adequada de sono, com horas suficientes para que o corpo possa descansar e retomar a atividade depois.
Segundo a Rede D’Ór, também é recomendável evitar o uso de aparelhos eletrônicos luminosos, a prática de atividade física e a ingestão de bebidas cafeinadas antes de dormir.
*Manoel Sobreira é médico neurologista com atuação em Medicina do Sono. Também é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC)