O dente-de-leão é uma planta com origem europeia e asiática, conhecida como invasora ou erva daninha. Conforme o professor de floricultura na Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto Takane*, ela é do gênero Taraxacum, podendo ser consumida como salada.
Como as folhas serradas se assemelham a dentes, ficou conhecida popularmente como "dente de leão". Nutricionista formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Renata Cristina Machado** aponta que a planta é rica em vitaminas e minerais.
"Esta planta é adaptável a diferentes tipos de solo e tem por características seu sabor amargo, suas flores amarelas e seus frutos com um chumaço de pelos brancos", acrescentou.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, os especialistas detalharam os benefícios da planta, os cuidados necessários durante o consumo do dente-de-leão, assim como a forma de cultivo em vaso.
Quais os benefícios?
A planta possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Além disso, contribui para aliviar os sintomas da indigestão, como flatulência e a "sensação de estar cheio". Conforme Renata, isso ocorre porque o dente-de-leão favorece a secreção de suco gástrico e saliva.
O dente-de-leão também tem efeito:
- Laxativo: ajuda o indivíduo a defecar;
- Diurético: aumenta o volume do fluxo urinário.
"Auxilia de forma complementar no tratamento de problemas menores do trato urinário, contanto que condições mais graves tenham sido descartadas pelo médico", concluiu a nutricionista.
Contraindicações
O dente-de-leão é contraindicado para pessoas que possuem alergia a algum de seus componentes. Além disso, por falta de estudos que comprovem a segurança do uso, Renata não recomenda o consumo para gestantes e lactantes.
Entre outros grupos que devem evitar o uso de dente-de-leão estão pessoas com diagnóstico de:
- Gastrite;
- Cálculos biliares;
- Obstrução dos ductos biliares e do trato gastrointestinal;
- Doenças no fígado;
- Úlcera gastroduodenal;
- Diabete;
- Doenças renais e cardíacas.
No caso de pessoas que fazem uso de medicações, a nutricionista alerta a importância de consulta médica prévia, já que o consumo de dente-de-leão pode influenciar na ação dos remédios.
"O uso concomitante pode reduzir a absorção de antibióticos e o efeito de outras medicações, por exemplo", detalhou.
Por fim, também ressalta que o uso excessivo da planta ou do chá pode resultar em dor epigástrica, hiperacidez e vômitos.
Como é a planta?
Dente-de-leão emagrece?
A nutricionista aponta que alguns estudos associam o consumo do dente-de-leão ao emagrecimento. No entanto, não há consenso sobre o assunto.
Além disso, ainda apontou que nenhum alimento tem a capacidade de, isoladamente, “emagrecer” ou “engordar” um indivíduo. O emagrecimento ocorre com a prática de atividade física e o consumo de alimentos saudáveis de modo geral.
Como é a flor?
A flor mais comum das espécies de dente-de-leão tem muita similaridade com o crisântemo. Cada "pétala" é uma flor completa. "Existem de várias cores, mas o mais comum é na de cor amarela", explicou Roberto.
Consigo cultivar em vaso?
Sim. Roberto aponta ser possível cultivar o dente-de-leão em vasos, porque é uma planta muito resistente e, quando adubada corretamente, pode ser bem ornamental. "O problema é encontrar as sementes destas espécies", relatou.
Com a planta produz muitas sementes que se dispersam com o vento, relata ser interessante colocar o dente-de-leão em um saco de papel no período em que as flores dele estão secando. Essa ação pode evitar a perda das sementes.
Como preparar o chá
É possível fazer o chá de dente-de-leão tanto a partir do método da decocção quanto da infusão. No primeiro caso, o preparo ocorre após ferver cerca de 3 a 4 gramas da planta inteira rasurada, em água, durante 10 minutos.
Já no método de infusão, é recomendado seguir os seguintes passos:
- Ferver aproximadamente 200ml de água e, após a fervura, apagar o fogo;
- Adicionar cerca de 4 a 10 gramas da planta na íntegra (com raiz) e deixar abafado por cinco minutos (para extrair as propriedades medicinais);
- Por fim, já é possível consumir o chá.
Após o preparo, deve-se tomar o chá até três vezes ao dia, de acordo com a indicação de nutricionista ou médico.
*Professor Doutor Roberto Takane é professor de floricultura na Universidade Federal do Ceará (UFC), com mais de dez livros publicados na área. Mantém um canal no YouTube com informações e dicas específicas sobre plantas e cuidados.
**Renata Cristina Machado Mendes é nutricionista formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Mestre em Nutrição e Saúde pela Uece, e especialista em Diabetes pela Universidade Federal do Ceará (UFC).