Uma denúncia contra policiais militares que teriam se excedido em uma abordagem policial, no bairro Jardim das Oliveiras, em Fortaleza, na última segunda-feira (15), foi feita na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD). Os PMs teriam utilizado spray de pimenta, e o gás teria atingido pelo menos três crianças, além de adultos.
Um vídeo enviado ao Diário do Nordeste (veja acima) mostra um menino de 7 anos - portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA) - sentindo os efeitos do gás produzido pelo spray de pimenta. Conforme a denúncia, uma menina de 2 anos também foi atingida e uma bebê de apenas 1 mês precisou até de atendimento médico, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Capital, naquela noite.
Veja o vídeo:
A CGD confirmou, em nota, que "instaurou procedimento disciplinar investigativo para apuração do fato na seara administrativa, estando este em trâmite".
Já a Polícia Militar do Ceará (PMCE) afirmou, em nota, que "tomou conhecimento da ocorrência e deverá apurar o caso. A PMCE ressalta que não compactua com condutas que desviem do padrão adotado pela corporação e faz cumprir rigorosamente as normas legais, sem deixar de respeitar, naturalmente, os princípios da inocência, contraditório e ampla defesa".
Como ocorreu a abordagem policial
A advogada Aliciane Medeiros, que foi procurada por familiares das crianças, conta que a abordagem policial ocorreu por volta de 20h da última segunda-feira (15), na Rua Júlia Sales, bairro Jardim das Oliveiras. "Estava tendo uma abordagem naquela Rua, havia pessoas observando e os policiais estavam alterados, gritando com todos", narra.
Familiares das crianças estavam sentados na calçada, "quando os policiais se aproximaram, mandaram todos entrarem em casa, falando palavrões e utilizando gás de pimenta. O gás de pimenta atingiu a todos, inclusive uma criança autista que entrou em pânico no momento e uma bebê de apenas um mês de vida, que foi hospitalizada na mesma noite".
Segundo Aliciane, a criança autista ficou traumatizada com a ação policial e está com medo de sair de casa. A advogada acionou a Comissão dos Direitos Humanos, da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), para acompanhar o caso.