Trio que invadiu Centro Pop, matou jovem e feriu mais três pessoas em Fortaleza vai a júri popular

Um jovem de 19 anos e outras três pessoas que estavam no Centro foram atingidas, há quase um ano, em 28 de março

O trio que matou um jovem em um Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) Benfica, localizado no bairro Damas, em Fortaleza, e ainda feriu outras três pessoas, vai a júri popular, de acordo com decisão da Justiça do Ceará. O crime ocorreu há quase um ano, no dia 27 de março de 2023, e vitimou Matheus Morares de Sousa, 19 anos, que estava no local acompanhado de sua esposa grávida.

Conforme a sentença de pronúncia — que confirmou o julgamento — , Daniel Pereira dos Santos, Francisco José Aires Lima e Carlos Henrique Menezes da Silva responderão por homicídio simples e crime de organização criminosa. Eles foram presos um dia após o crime. 

Ainda não dá data marcada para o julgamento, mas a sentença foi dada pela 3ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza. De acordo com a juíza Daniela Lima da Rocha, "há elementos suficientes" para levar os acusados ao Tribunal Popular do Júri, após investigações e audiência de instrução, quando foram ouvidas as partes.

"[...] de modo que o aprofundamento da análise dos fatos sobre a existência ou não da autoria delitiva deve ser realizado e decidido pelo referido Órgão Judicial competente. Repise-se que as testemunhas, em sede de plenário, poderão prestar depoimento novamente, perante o Conselho de Sentença, possibilitando a reanálise minuciosa do caso em tela", defendeu a magistrada.

A Justiça os levará a júri ainda com as qualificadoras de impossibilidade defesa e por perigo comum (pois o crime foi praticado em um equipamento público". O Diário do Nordeste tentou contato com as defesas dos três acusados, mas não conseguiu localizar e não recebeu resposta de dois outros. 

Acusados rondaram Centro Pop 

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e com os interrogatórios no período de instrução processual, os acusados agiram de comum acordo para matar Matheus. Eles rondaram o Centro Pop por algumas horas à espera da vítima, que foi rapidamente surpreendida. 

O mandante do crime seria Carlos Henrique, conhecido como Kaik. Ele contratou Daniel Pereira, que estava hospedado em sua casa, e Francisco José, o "Chiquinho". Esse último foi o piloto da moto, de onde Daniel desceu e efetuou os disparos. 

Ele já entrou no Centro Pop realizando disparos sem anunciar nenhuma ação. "Os crimes praticados pelos acusados causaram forte comoção na comunidade local em razão em ousadia da ação, eis que praticado o crime dentro de um centro socioassistencial com diversas pessoas aguardando atendimento", aponta o MPCE. 

Conforme o interrogatório de Carlos, ele não mandou matar a vítima, pois não o conhecia. 

Francisco José disse que no momento do crime trabalhava como entregador em um bairro vizinho, no Jardim América, quando foi chamado para outra entrega nas proximidades do Centro Pop. Ele ouviu os tiros e alguns minutos depois contou que uma pessoa com uma arma o pediu carona. 

Já a versão de Daniel em audiência foi a de que não teve autoria no homicídio. Ele ainda denuncia, segundo os documentos, que quando foi abordado por policiais para ser preso sofreu ameaças e os agentes ficaram dando voltas com a viatura enquanto o intimidavam.

Como foi o crime?

 A vítima estava sentada na calçada, fora do Centro Pop, quando foi surpreendida. No entanto, para fugir, o jovem de 19 anos correu para dentro do equipamento público. O criminoso o seguiu e efetuou disparos que acabaram atingindo também outras duas pessoas, dentre elas, um idoso de 62 anos.

Mateus não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. Já os três feridos — um deles, o porteiro do estabelecimento, que foi baleado no joelho — foram socorridos e encaminhados para hospitais. 

Conforme a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), a vítima utilizava os serviços do estabelecimento municipal há um ano.