Três suspeitos de latrocínio em shopping foram presos no fim de 2020 e soltos no mesmo dia

Trio foi preso em flagrante por um furto a uma residência, em Caucaia, em dezembro do ano passado, e voltou a cometer um crime oito meses depois

Três dos quatro suspeitos presos por participar de um latrocínio no Shopping Iguatemi, no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, na última sexta-feira (20), já haviam sido detidos juntos, por um furto a uma residência, em dezembro de 2020. Na ocasião, no mesmo dia, eles foram soltos por um juiz plantonista da Justiça Estadual.

Lúcio Mauro Rodrigues Ferreira, André Luiz dos Santos Nogueira, Antônio Duarte Araújo Enéas foram presos em flagrante, pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na madrugada de 6 de dezembro do ano passado. Também foram capturados, na abordagem, José Wallife Cavalcante da Silva e Sara Vitória de Sousa Alves.

O grupo estava dividido em dois veículos, na posse de um revólver calibre 31, dez munições de armas de fogo, bijuterias, três televisões, cinco notebooks, um cavaquinho, uma mochila e várias peças de roupa, que teriam sido furtados de um imóvel que foi arrombado pela quadrilha, no bairro Parque Soledade, em Caucaia, minutos antes. Durante a perseguição policial, André Luís tentou se desfazer da arma, mas acabou apreendida.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) considerou que "a medida de prisão cautelar provisória pode, ante as características do fato, ser substituída por medida diversa, que pode ser cumulada com fiança e uso de tornozeleira eletrônica". E alegou ainda que apenas dois suspeitos, Antônio Duarte e José Wallife, tinham passagem pela Polícia e que o crime foi praticado sem violência contra a pessoa.

O juiz plantonista, por sua vez, acolheu o argumento de que "os crimes, sob análise, comportam a concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança, eis que cometidos sem violência ou grave ameaça". Sobre os presos, afirmou que "demonstram, até este momento, ser tecnicamente primários, residência fixa, profissão definida, não consta que desejam fugir do distrito da culpa, ou sejam uma ameaça à ordem pública".

Com isso, o magistrado decretou a liberdade provisória do grupo, sem o pagamento de fiança, e aplicou as seguintes medidas cautelares: proibição de acesso a lugares como bares e casas de jogos de azar; proibição de se ausentar da Comarca (Caucaia); recolhimento domiciliar noturno, a partir de 21h; e comparecer quinzenalmente à Justiça.

Em 23 de fevereiro deste ano, o MPCE denunciou os cinco suspeitos por furto qualificado, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo e pediu para que eles passassem a ser monitorados por tornozeleira eletrônica. A 2ª Vara Criminal da Comarca de Caucaia recebeu a denúncia, o que os tornou réus no processo, mas rejeitou o pedido de monitoramento.

As defesas dos acusados alegaram, no processo, que os fatos não ocorreram como foi descrito pelas autoridades e que a inocência dos réus será comprovado no curso da ação penal.

Quatro presos e dois foragidos por latrocínio

As investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE) sobre o latrocínio no Shopping Iguatemi identificaram a participação de ao menos seis pessoas no crime que vitimou a gerente na loja Tânia Jóias, Caroline Alves da Rocha, de 36 anos.

Quatro suspeitos foram presos em menos de 24 horas. Além de Lúcio Mauro, André Luiz e Antônio Duarte, também foi detido Douglas da Silva Dias, 28, o 'Babe'. Já uma mulher identificada apenas como 'Mariná' e Antônio Jardeson Lima de Moura, 32, conhecido como 'Bea' ou 'Gordim', estão foragidos.

Lúcio Mauro, o 'Véi' ou 'Pai', 48, é apontado como o líder do grupo criminoso e principal planejador do assalto a joalheria que terminou em morte. Ele chegou a visitar o shopping, na semana do crime, para planejar a ação criminosa.

Douglas da Silva, na posse de uma arma de fogo, e Antônio Jardeson entraram na loja e anunciaram o assalto. Douglas tinha um ponto eletrônico que ficava em comunicação com André Luiz. Lúcio Mauro e Antônio Duarte deram fuga aos comparsas.

Os suspeitos foram presos em localidades diferentes de Fortaleza e Caucaia. Desta vez, o Ministério Público do Ceará pediu pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, o que foi deferido pelo juiz plantonista.