Trama macabra é elucidada pela Polícia após 72 horas

A Polícia Federal concluiu que o intuito da chacina era roubar o dinheiro dos portugueses, logo depois que os cadáveres foram descobertos. O presidente do inquérito, delegado federal Cláudio Barros Joventino, declarou que Militão teria se apropriado de cerca de R$60 mil das vítimas. A trama do português foi descoberta em cerca de 72 horas e o caso foi encerrado com sua prisão, ocorrida no Município de Barra do Corda, no Estado do Maranhão. A rota de fuga de Militão deveria seguir pelos Estados do Pará e do Amapá, onde alcançaria a Guiana Francesa.

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No momento em que foi capturado, Militão negou que tivesse participado das mortes dos empresários e chegou a declinar o nome de seus comparsas. Eles, no entanto, confirmaram que praticaram a chacina, mas revelaram que havia sido a mando de Militão. "Luis Miguel planejou tudo com um mês de antecedência e prometeu R$ 2,5 mil a cada um para executar o grupo de portugueses. Mas foi ele quem arquitetou tudo", declarou 'Tronco' à PF, quando foi preso.

Exumação

O delegado Francisco Carlos de Araújo Crisóstomo, diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Civil do Ceará (DIP) esteve presente na exumação dos cadáveres. Segundo ele, o espanto e a comoção com a cena tomou a todos os que estiveram na barraca Vela Latina.

"Havia muitos curiosos, bombeiros militares, policias federais, civis e militares. Todo mundo foi afetado pelo horror do que Militão fez. Mesmo o médico legista que esteve no local, parecia estar abalado com aquela violência. A expressão das vítimas ainda era de pânico, de desespero. Recordo que um dos empresários usou com tanta força para tentar desamarrar as mãos e sair do buraco em que foi jogado ainda vivo, que a corda rompeu a pele dele e estava junto à carne", contou o delegado.

Segundo Crisóstomo, mesmo tendo investigado e participado de casos marcados por extrema violência, aquela exumação foi um dos episódios mais chocantes que presenciou. "Além de um sentimento de tristeza por imaginar o que aquelas pessoas passaram até morrer, existia também a indignação. Eles vieram confiando no Militão e a morte acabou sendo a anfitriã deles. A frieza e a crueldade dele são impressionantes para mim, até hoje".

A barraca Vela Latina, alugada por Militão, foi demolida cinco anos após a chacina. No local não existe mais nada. Nenhum empresário se arriscou a carregar a marca macabra que o local adquiriu, na Praia do Futuro.