Traficante líder de facção criminosa com atuação nacional é capturado

A quadrilha de Lucas Ferreira foi completamente desarticulada, na 'Operação Occasus'

As notícias sobre uma espécie de 'drive-thru' de drogas, na Avenida Washington Soares, são antigas. Os clientes paravam na via e alguém corria da 'Comunidade Pôr do Sol' para fazer a entrega. O que ninguém sabia era que por trás do varejo de droga no asfalto, havia um grande esquema de tráfico, montado por um traficante com conexões internacionais. Um dos principais líderes da facção criminosa Família do Norte (FDN), Lucas Mendes Ferreira, o 'Patrão', foi preso, na última semana, pela Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), na 'Operação Occasus'.

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O traficante era uma espécie de 'braço-direito' do fundador do FND, Gelson Lima Carnaúba. Em 2008, Gelson visitava a namorada em Fortaleza quando foi preso pela Polícia Federal. Lucas teria conhecido o traficante nessa época. No presídio, Carnaúba fundou a facção, que começou a atuar no Norte, depois se expandiu para outros estados.

Atualmente, Carnaúba é custodiado em um presídio federal. Ele precisava de alguém de sua confiança, que estivesse nas ruas, para manter a negociação dos entorpecentes ativa. Conforme as investigações, essa pessoa era Lucas Ferreira.

Beneficiada pela proximidade geográfica, a FDN consegue trazer grandes quantidades de cocaína da Bolívia e de maconha do Paraguai. A facção usa rotas fluviais, aéreas e terrestres para distribuir as drogas pelo Brasil.

Comando

"Não tem nada que aconteça na FDN que Lucas não saiba", assim uma fonte que conversou com a reportagem definiu o traficante. Segundo o servidor, é provável que ele soubesse e até tenha envolvimento na morte de Wainer de Matos Magalhães, o 'Pepê', na Avenida Santos Dumont, em abril último. "O 'Wainer Pepê' era gerente da FDN e queria mais poder na facção. Estava em Fortaleza tentando negociar isso. Ele fazia parte de uma dissidência, que não concorda com o Gelson Carnaúba", afirmou.

Esquema

Na contramão das demais facções, que se envolveram em ataques, brigas em presídios e na matança indiscriminada que acontece no Ceará, a FDN se manteve longe de confusões. O 'Patrão' seguia firme no esquema que montou na Capital. A quadrilha dele era bem estruturada, tinha drones para fazer a vigilância das comunidades, armas de grosso calibre e empreendimentos para lavar o dinheiro. Segundo a Polícia Civil, até uma igreja evangélica foi construída na área para ajudar na lavagem dos recursos.

A fonte revelou que durante as apurações surgiram indícios de que patrulhas da Polícia Militar tenham sido cooptadas pelos criminosos e fizeram 'vista grossa' para o tráfico flagrante. As informações colhidas neste sentido foram encaminhadas para a Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD).

O esquema bem sucedido se consolidou após um 'acordo' feito entre os principais traficantes do 'Pôr do Sol' e do Parque Santa Rosa, que eram rivais. Os territórios foram demarcados e as condições estabelecidas. Os ajustes eram feitos conforme a necessidade de cada comunidade, mas o plano inicial era que o 'Pôr do Sol' vendesse cocaína e o Parque Santa Rosa vendesse maconha.

Para evitar qualquer conflito, o pacto exigia até que os envolvidos torcessem todos para o mesmo time de futebol local. Também não era permitido matar ou roubar em nenhuma das comunidades. Se houvesse alguma desavença, um conselho formado pelas lideranças dos dois territórios era quem resolvia.