A retirada dos agentes da Força Nacional do Ceará, anunciada na manhã desta terça-feira (5) pelo secretário nacional de Segurança Pública, o general Guilherme Theophilo, pegou de surpresa a cúpula da área no Estado. O secretário de Defesa Social e Segurança Pública do Ceará (SSPDS-CE), André Costa, afirmou que não foi avisado sobre a decisão.
Para André Costa, a saída antecipada dos agentes, anunciada minutos antes em Brasília, representará um prejuízo para o Estado. “Precisamos avançar na reestruturação dos presídios e só depois liberar a Força. Uma retirada agora pelo governo federal demonstra falta de planejamento”, afirmou.
André Costa afirmou ainda que conversou na segunda-feira (4) com o general Theophilo e a possibilidade de retirada das tropas “foi sequer ventilada”.
“O que tratamos ontem foi exatamente uma necessidade de continuidade da Força Nacional no Estado do Ceará”, lamentou o secretário estadual.
Ao mesmo tempo em que o anúncio da retirada era feito durante uma coletiva no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o governador Camilo Santana afirmou, durante a mensagem que abriu os trabalhos da nova composição da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) que “informações extraoficiais dão conta de que as Forças Nacionais ainda ficarão por um mês no Ceará”.
Na ocasião, Camilo também reforçou a necessidade de um trabalho pela segurança pública em todo o Brasil. “Ou o País se une ou poderá ser tarde demais. De nossa parte não haverá trégua contra a criminalidade”, disse.
“Não é o momento ainda”
André Costa ressaltou ainda que a retirada dos agentes enviados pelo governo federal ocorre antes do tempo ideal. “Para nós, e é uma análise de toda a nossa inteligência, não é o momento ainda de fazer nenhuma desmobilização. Inclusive, as próprias forças de segurança não têm desmobilizado em nada o seu efetivo. A gente mantém com um volume grande de operações, de ações policiais e de efetivos nas ruas, com o pagamento de horas extras e mantém os reservistas trabalhando”, destacou.
A vinda da Força Nacional ao Ceará foi autorizada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, no dia 3 de janeiro, um dia após o início da onda de violência.
No Diário Oficial da União (DOU) do dia 28 de janeiro, Moro autorizou o emprego da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) no Ceará por 45 dias, a contar de 14 de janeiro, para atuar nos serviços de guarda, vigilância e custódia de presos. Com isso, os agentes penitenciários vindos de outros estados devem ficar no Ceará, pelo menos, até o fim deste mês.
Com a decisão anunciada pelo general Guilherme Theophilo, os 420 homens da Força Nacional deixarão o Ceará gradativamente a partir desta semana, que não haja riscos de retomada das ações criminosas.