Uma quadrilha liderada por mulheres foi condenada a 131 anos de prisão por comandar crimes, como tráfico de drogas, de dentro da prisão, no Ceará. Dentre os condenados está Carla Maiara Nogueira da Silva, a 'Carla Dinamite'. Conforme a acusação do Ministério Público do Ceará (MPCE), a mulher de 30 anos integra uma facção criminosa local.
No último dia 23 de março, o colegiado de juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas decidiu condenar 'Dinamite' a 25 anos e 10 meses de reclusão por tráfico, associação para o tráfico e organização criminosa. Além dela, também foram condenados: Esla Rivelli Moura Feitosa, apontada como líder do esquema, (25 anos e 10 meses de reclusão); Antônio Glaudson Nascimento Fontenele (24 anos e três meses de reclusão); Vanderson Costa Lima (26 anos e 15 dias de reclusão); Maria da Conceição Moura Teixeira, ainda foragida, (12 anos e 10 meses de reclusão); e Itamar Gonçalve da Silva (16 anos e quatro meses de reclusão).
"A apuração foi motivada após aparelhos telefônicos serem recolhidos em inspeção requerida pelo MP e realizada no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa. O esquema criminoso partia de dentro do presídio"
Os sentenciados negam.
Aos acusados foi negado o direito de apelar em liberdade, indicando como finalidade da prisão "manter a ordem pública". “Há intensa gravidade nas suas condutas e a manutenção de sua custódia faz-se imprescindível para desestruturar a organização criminosa da qual fazem parte, evitando a arregimentação de novos membros”, segundo trecho da sentença.
COMO O ESQUEMA ACONTECIA
Consta nos autos que mulheres presas no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, possuíam grande quantidade de aparelhos celulares em seu poder.
Em 2017, o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) requereu inspeção, após rebelião ocorrida no ano anterior, no mesmo presídio.
A partir dos celulares apreendidos, a Justiça autorizou a extração dos dados dos aparelhos. Em um deles foram encontrados conteúdos que faziam menção ao esquema de tráfico: "o aparelho analisado continha, mais precisamente, um total de 14.316 áudios,6.737 imagens e 95 mensagens de whatsapp criados entre o período de 16/07/2017 a 19/09/2017".
VEJA TRECHO DA ACUSAÇÃO:
"A referida associação supostamente preparava, produzia, armazenava,fabricava, vendia e entregava droga sem autorização e em desacordo com determinação legal. Além disso, ficou patente o intrínseco vínculo entre os investigados e colaboradores,com ânimo associativo, de caráter estável e permanente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem com a prática do crime de tráfico de drogas. Por fim, importa mencionar que o conteúdo probatório do relatório constata que quase todos os integrantes desta associação integram a organização criminosa GDE, conforme adiante se vê"
"A análise da Extração de dados do aparelho telefônico trouxe à baila uma estrutura criminosa a qual girava em torno da interna do IPF, Esla Rivelli Moura Feitosa e do seu companheiro, Antônio Glaudson Nascimento Fonteneles, conhecido como 'Gal', interno do IPPOO II"
Nesse contexto, apareceram mais dois agentes na estrutura criminosa, Carla Maiara Nogueira da Silva, conhecida como 'Dinamite', que à época era interna do IPF, e seu companheiro, Vanderson Costa Lima, conhecido como' Vandal', que à época era interno do IPPOO II.
"No ensejo, no final do mês de julho de 2017, Carla Maiara colocou Antônio Wendeberg da Silva de Souza, vulgo 'Berg' para trabalhar como correria com relação à maconha"
"A droga era guardada na casa de Maria da Conceição Moura Teixeira, mãe de Esla, que guardava o lucro, guardava a droga, cortava, pesava e misturava"
De acordo com o MP, os seis acusados estavam envolvidos com o tráfico na região do bairro Vila Peri, em Fortaleza. A ação penal está baseada em investigações realizadas pelo Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO).