Policial tentou fugir, outros dois foram mortos em redes: como foi o crime na delegacia de Camocim

O Diário do Nordeste teve acesso ao Inquérito Policial, conduzido pela Delegacia Regional de Sobral, que traz detalhes da chacina

A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) refaz o passo a passo de como o inspetor Antônio Alves Dourado entrou na Delegacia Regional de Camocim, no interior do Ceará, e matou outros quatro policiais civis, na madrugada do último domingo (14). O Diário do Nordeste teve acesso ao Inquérito Policial, conduzido pela Delegacia Regional de Sobral, que traz detalhes da chacina. Confira abaixo:

Como o criminoso chegou à Delegacia

O policial suspeito de cometer os homicídios estava de folga. Mesmo assim, por volta de 4h30, Dourado foi à Delegacia onde trabalhava. Entrou pelos fundos do prédio, após estacionar uma motocicleta e pulou o muro para invadir a Unidade.

Pelo menos três das quatro vítimas estavam dormindo, após terminarem de realizar um flagrante pouco tempo antes, segundo o Relatório de Local de Crime elaborado pela Delegacia Regional de Sobral.

Como as vítimas foram alvejadas

Dourado tinha as chaves da Delegacia Regional de Camocim. Os escrivães Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira (conhecido como 'Chicão') e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira foram assassinados no dormitório da Unidade.

Os corpos de Miranda e Gabriel foram encontrados dentro de redes. Já 'Chicão' estava sentado, encostado em uma parede.

A quarta vítima tentou fugir do criminoso. O escrivão Cláudio pulou do primeiro andar, quebrou o braço, foi perseguido pelo inspetor e morto pelas costas. 

O autor dos disparos deixou a sua motocicleta nos fundos da delegacia e fugiu em uma viatura da Polícia Civil, em seguida.

Primeiros policiais chegam ao local

Uma equipe formada por três policiais militares foi a primeira a chegar na Delegacia Regional de Camocim, após a matança. Eles foram acionados pelo Comando da Polícia Militar, após denúncias anônimas de que tiros teriam sido efetuados dentro da Unidade da Polícia Civil.

Um PM relatou que, ao chegarem na Delegacia, não ouviram nenhum barulho. Então, abriram o portão e já viram o inspetor Cláudio morto.

A equipe policial acionou reforço e decidiu entrar no prédio, com cuidado, pois o atirador ainda podia estar lá. Mas não estava. Os PMs encontraram apenas os outros três policiais civis, já sem vida.

Sala de delegado foi arrombada

Na sequência da vistoria, os policiais militares encontraram a sala do delegado da Unidade com a porta arrombada.

Duas armas longas (que seriam um fuzil e uma metralhadora) estavam em cima da mesa do delegado, e diversas munições espalhadas pelo chão.

A suspeita é de que o ato tenha sido cometido pelo inspetor Antônio Alves Dourado, após matar os colegas de trabalho, na Delegacia.

Como o criminoso se entregou

Um dos policiais militares que realizava a vistoria na Delegacia recebeu uma ligação de Dourado, que pediu para o PM ir sozinho à sua casa, no bairro Praia, em Camocim.

"Que chegando ao local, encontraram o portão da casa aberto e visualizaram o inspetor Dourado saindo da casa algemado. Que ele mesmo havia se algemado com suas próprias algemas. Que ele apenas disse que teria 'surtado'", relatou o PM no Inquérito Policial.

A Polícia Militar apreendeu duas pistolas e 29 munições, que estavam no jardim da residência do policial civil.

O suspeito e o material apreendido foram levados para a Delegacia Regional de Sobral. Ao chegar lá, o infrator não quis se manifestar e foi encaminhado para a Penitenciária Industrial Regional de Sobral (PIRS).

Em audiência de custódia nesta segunda-feira (15), a Justiça Estadual converteu a prisão em flagrante do suspeito em prisão preventiva.