PM acusado por homicídio em Fortaleza é expulso da Corporação

O assassinato atribuído ao PM também pode estar ligado a um triplo homicídio em que foram vítimas mãe, pai e filho, ocorrido no mesmo dia, minutos antes

O policial militar Luís Mardônio Moraes da Silva foi expulso da corporação. A decisão da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) foi publicada no Diário Oficial do Estado, desta quinta-feira (9). O soldado é investigado por um homicídio ocorrido no bairro Goiabeiras, em Fortaleza, em janeiro de 2019, e teria envolvimento com uma facção carioca. 

Luís Mardônio foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), ainda em dezembro de 2019, pelo homicídio de Adenilton Gadelha dos Santos, conhecido como "Natalino". Em janeiro de 2022, ele foi pronunciado para ir a juri popular, mas recorreu e perdeu em primeira instância. Atualmente, o ex-PM aguarda a decisão da segunda instância.

Segundo a investigação, os projeteis retirados do corpo da vítima são compatíveis com a arma de fogo do soldado. Os suspeitos teriam entrado na casa de Natalino falando: "Tu responde por um homicídio". 

"Em seguida, começaram a efetuar disparos de arma de fogo em direção à vítima. Após o crime se evadiram em cerca de três ou quatro veículos. Policiais civis da equipe de 8ª Delegacia do Departamento de Homicídios, logo após terem ciência do fato, deslocaram-se para o local do crime, onde localizaram câmeras que registraram um comboio formado por quatro veículos, de automóveis com características informadas pelas testemunhas. De acordo com as investigações, possivelmente esses veículos também estavam presentes em um triplo homicídio, em que pessoas da mesma família foram
executadas", diz decisão.

O denunciado ainda é suspeito de ter envolvimento em um triplo homicídio ocorrido minutos antes da morte de Adenilton, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. Luís Mardônio seria ligado a uma facção de origem carioca e o assassinato teria motivação o conflito entre facções, conforme a denúncia do MPCE. 

"O denunciado e outros quatro indivíduos adentraram no local, armados, encapuzados, de coletes e com luvas e, após afirmarem à vítima que ela estava envolvida em um homicídio, sem tempo desta contra-argumentar, perpetraram os disparos que ceifaram sua vida. Foi apurado que, antes de empreenderem fuga, um dos autores pegou o celular do ofendido tendo dito: 'aqui é CV'", diz denúncia do MPCE. 
 

Relembre o caso

Adenilton Gadelha dos Santos, de 22 anos, conhecido como "Natalino"  foi morto em 31 de janeiro de 2019, na Barra do Ceará após um grupo entrar na residência dele e executá-lo.

"Três homens usando balaclavas entraram em uma casa situada na Rua do Leme, e efetuaram os disparos contra Adenilton, que veio a óbito no local", informou a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social à época.

Minutos antes da morte de "Natalino", um triplo homicídio de uma família foi registrado no bairro Jacarecanga. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), as vítimas foram identificadas como Francisco Adriano do Nascimento Gregório, de 37 anos, Janaína Carneiro da Silva, 32, e Anderson Mendes do Nascimento, 18, pai, mãe e filho, respectivamente. 

Os criminosos teriam ainda "poupados" uma criança de 11 anos e um adolescente de 14, filhos de Janaína.

Francisco Adriano tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, roubo e receptação, conforme a SSPDS. De acordo com policiais que atenderam a ocorrência, ele havia deixado a prisão há três semanas antes da morte e estava usando uma tornozeleira eletrônica. 

Na parede da casa havia uma pichação de um código de uma facção de origem cearense. A área onde ocorreu a família foi morta era dominada por uma facção de origem carioca.