Dando continuidade à investigação que apura a contratação fraudulenta de médicos e enfermeiros no município de Redenção, no interior do Ceará, a Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (20), a operação policial Dor Fantasma 2.
Estão sendo cumpridos três mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, em Fortaleza e no Eusébio, na Região Metropolitana. O objetivo é apreender documentos e mídias para esclarecer elementos já levantados na primeira fase da operação, deflagrada em 14 de outubro de 2022.
Além disso, a ofensiva quer individualizar a atuação dos suspeitos nos crimes investigados e descobrir qual o destino dos recursos públicos repassados pela União ao Município, apurando se há desvios e/ou apropriação de recursos públicos federais.
Contrato com dispensa de licitação
As investigações tiveram início em 2020, após indícios de que houve contrato na ordem de R$ 1.550.592 oriundos dos cofres da União com cooperativa aparentemente sem capacidade logística e operacional com dispensa de licitação.
A PF identificou que a empresa investigada recebeu dos cofres públicos R$ 58 milhões, grande parte de origem federal, por meio de contratos firmados com diversas prefeituras do Ceará.
Se comprovado os crimes, os investigados responderão por corrupção ativa e passiva, com penas de até 36 anos de prisão. As investigações continuam com análise do material apreendido.
Ainda na primeira fase da ofensiva, a prefeitura de Redenção se pronunciou, afirmando colaborar com a operação. A gestão justifica que "o contrato investigado junto a Cooperativa foi feito durante o auge da pandemia da Covid-19, em 2020, onde se dispensava licitação devido à gravidade do momento".
O Diário do Nordeste tenta novo contato com a prefeitura de Redenção, nesta sexta-feira (20).
Nota da Prefeitura de Redenção divulgada em outubro, na íntegra:
A Prefeitura de Redenção vem a público informar que através dos órgãos de controle interno e de assessoria jurídica, acompanhou o cumprimento das diligências realizadas pela Polícia Federal, na Secretaria Municipal de Saúde, a fim de averiguar uma suposta irregularidade em licitação com uma Cooperativa para contratação de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde no município.
A Prefeitura está colaborando com a operação e a Secretaria de Saúde colocou à disposição da investigação todos os documentos solicitados. Vale ressaltar que o contrato investigado junto a Cooperativa foi feito durante o auge da pandemia da Covid-19, em 2020, onde se dispensava licitação devido à gravidade do momento. A Prefeitura preocupada com o estado emergencial que se encontrava a saúde no município interviu abrindo uma ala especial para pacientes com Covid-19 no Hospital Filantrópico Paulo Sarasate, inclusive com leitos de UTI COVID onde foi realizado mais de 500 atendimentos e procedimentos com relatórios enviados para o Ministério da Saúde.
A Administração Municipal nunca foi chamada para prestar esclarecimentos do caso. No entanto, continuará colaborando com as investigações e está serena quanto a todas as medidas que foram tomadas em relação ao caso investigado.