Um adolescente de 12 anos, negro, teria sido vítima de racismo, cometido por uma funcionária de um stand de queijos, dentro de um shopping localizado no bairro Papicu, em Fortaleza. O caso foi denunciado pelo pai dele e é investigado pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE).
Meu filho nem gosta de confusão. Mas ele tem que saber que a gente protege ele, que a gente não é conivente com isso. Não só por causa dele, mas por conta de várias outras pessoas que passam por isso todo dia. Ele não foi a primeira pessoa, mas eu queria que ele fosse a última."
O pai da vítima, o servidor público Nílbio Thé, narra que o crime ocorreu no dia 30 de julho deste ano, mas o filho revelou aos pais somente dias depois. O adolescente e o irmão mais novo estavam no shopping Rio Mar Fortaleza, acompanhados da mãe - que estava ocupada em uma loja feminina - quando decidiram pedir uma degustação no stand do Empório Gaúcho, que participava da Feira Internacional de Artesanato e Decoração (Feincartes).
"Pela primeira vez na vida, aconteceu isso com eles, não serem bem atendidos. Segundo o meu filho mais velho, que foi o protagonista, a moça foi meio rude com ele. Eles foram até um stand de queijos que eles conheciam e sabiam que tinha degustação. Solicitaram um queijo, porque eles gostam e conhecem queijo. E a moça disse 'eu não posso dar, você sabe disso, você não me peça, que o segurança não deixa'", detalha Thé.
O servidor público afirma que o episódio deixou o filho constrangido e mais introspectivo. Antes do episódio, o adolescente era acostumado a entrar em lojas, conversar com vendedores e pedir para conhecer ou experimentar algo. Desde então, o pai luta pela culpabilização dos responsáveis pelo caso de racismo.
Veja relato do pai da vítima:
A Polícia Civil do Ceará informou que "o fato foi noticiado por meio de um Boletim de Ocorrência (BO) no último dia 23 de agosto. As investigações estão a cargo do 15º Distrito Policial (15º DP). Diligências estão em andamento visando a elucidação dos fatos".
"A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações também podem ser encaminhadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. As informações podem ser encaminhadas ainda para o telefone (85) 3101-1137, do 15º DP. O sigilo e o anonimato são garantidos", ressaltou a PC-CE.
Shopping lamenta episódio
O Shopping Rio Mar Fortaleza lamentou, em nota, o caso de racismo ocorrido dentro das suas dependências. "Ao ter o caso registrado no Serviço de Atendimento ao Cliente, o shopping, de imediato, orientou o consumidor e fez a intermediação entre ele e o operador da Feira, locatário do shopping e responsável pela gestão dos stands", afirma.
É inquestionável que atos de racismo não devem ser tolerados em nenhuma esfera da sociedade. Inclusive, trabalhamos constantemente por meio de nosso Comitê de Inclusão e Diversidade a importância do respeito a todos os que frequentam o shopping."
Já o Empório Gaúcho não foi localizado pela reportagem para comentar a denúncia.
Entretanto, o servidor público Nílbio Thé esperava que o Shopping informasse quem foi a funcionária que cometeu racismo contra o seu filho, a qual já foi demitida pelo Empório Gaúcho, segundo ele.
"A gente entrou em contato com o shopping algumas vezes, eu falei com a produtora da Feira, com a dona do shopping. Elas me atenderam muito bem, as pessoas do shopping também, mas a resolubilidade disso, na pessoa jurídica do shopping, que alega não poder fornecer para mim os dados da agressora, da criminosa que discriminou racialmente os meus filhos, não dão", critica Thé.