O delegado Daniel Aragão apresentará, até esta quinta-feira (30), o relatório final do procedimento investigatório que investiga a analista de crédito Maria Aparecida Barroso, de 36 anos, presa por tentativa de homicídio contra o marido e a enteada, em Canindé, no Interior do Ceará. Com a conclusão do inquérito, a Justiça definirá pela soltura da suspeita ou a permanência dela na cadeia durante a instrução processual.
Segundo o delegado, não há mais necessidade de mantê-la na unidade policial. “A prisão temporária ocorre para concluirmos a investigação. No caso, ela entregou os telefones, disse como contratou os atiradores e (deu) todos os detalhes (do caso)”, explicou Aragão ao Diário do Nordeste.
A prisão temporária de Maria Aparecida foi mantida pela Justiça, na tarde desta terça-feira (28), durante audiência realizada no Fórum do Município. No entanto, segundo a defesa da suspeita, o Juízo da 1ª Vara da Comarca de Canindé solicitou a autoridade policial mais informações e deve apreciar a possibilidade de revogar a prisão.
Conforme Renata Fonseca, advogada da suspeita, se o documento for entregue até amanhã, a liberdade pode ser deferida até sexta-feira (1º). “Minha cliente foi presa, cautelarmente, na segunda-feira (27), por volta das 16h30. A audiência ocorreu ontem (28), às 13h30. Então, a juíza ainda não tinha o posicionamento da autoridade policial”, detalha.
“Esperamos que, com a entrega do relatório que informa que não se faz mais necessária a prisão temporária, ela saia até o fim do dia de amanhã e, no mais tardar, até sexta”, observa.
Já o inquérito contra o outro acusado de participação no crime, Antonio Herilson da Silva Lopes, de 26 anos, ainda não foi concluído, segundo o delegado.
Acusada vivia sob ameaças
Segundo a investigação, há cerca de dois anos, Maria Aparecida Barroso tenta se separar de Jaelson Oliveira, de 36 anos, após descobrir que ele mantinha relações sexuais com a própria filha. Durante depoimentos, ela relatou ser violentada física e psicologicamente. Por esta razão, temia-denunciá-lo.
"Aparecida foi ameaçada de morte. Assim como tantas mulheres, não conseguiu se desvencilhar da situação", explicou a defesa, apontando que ela faz tratamento psicológico.
Tentativa de homicídio
Jaelson Oliveira e a filha, de 20 anos, levaram tiros na entrada de casa, no último dia 29 de junho. A esposa dele, Maria Aparecida Barroso, confessou ter planejado o assassinato. Os dois sobreviveram, mas o pai segue internado em um hospital.
Conforme a investigação, o ato criminoso tinha como alvo o homem que mantinha o relacionamento sexual com a própria filha, mas a jovem acabou sendo lesionada durante a ação.
O Diário do Nordeste apurou que, ao ver o pai baleado, ela correu para ajudá-lo, mas levou um tiro que acertou um dos olhos. A jovem foi socorrida para um hospital da região e já recebeu alta hospitalar, mas perdeu a visão do olho atingido.
Entenda o caso
Após sofrer violência física, psicológica e diversas tentativas frustradas de separação do marido, Maria Aparecida Barroso planejou o assassinato de Jaelson de Oliveira. Ela teve a ajuda de Antonio Herilson da Silva Lopes. Conforme a investigação, esse parceiro do crime tinha um relacionamento casual com a enteada de Aparecida.
A jovem teria convidado Antonio Herilson para uma relação sexual com outra pessoa. Somente após a concretização do ato, ele teria identificado quem era o terceiro envolvido. Revoltado, se recusou a participar de novos encontros com pai e filha, apesar das insistências de Jaelson.
Antonio procurou, segundo a investigação, Aparecida para contar sobre o caso. Juntos, então, planejaram o assassinato de Jaelson. Ela deu dinheiro para que ele contratasse homens para praticar o crime.
Polícia investiga se pai cometeu estupro de vulnerável contra filha
A Polícia Civil do Estado (PC-CE) também investiga se Jaelson cometeu estupro de vulnerável contra a filha. As investigações apontam que o incesto ocorre há pelo menos dois anos. Na tarde dessa terça-feira (28), a mãe da jovem prestou depoimento na Delegacia Regional do Município.
Ela relatou que a filha mora com o pai desde os 15 anos, mas não sabe informar se abusos ocorreram antes. Apesar de ser um tabu moral e religioso, o incesto (sexo entre familiares) não é considerado ilegal pela legislação brasileira — desde que a relação seja consentida pelos adultos envolvidos.
No entanto, a prática configura-se crime quando ocorre o estupro de vulnerável, ou seja, a violência sexual contra crianças, adolescentes ou quando a vítima não consegue oferecer resistência ao ato por qualquer motivo.