Líderes de quadrilha de Itapipoca foram presos em flagrante com armas de fogo e documentos falsos

Operação Fragmentado foi deflagrada com o objetivo de cumprir 81 mandados judiciais, contra organização criminosa suspeita de fraudes bancárias

A Operação Fragmentado foi deflagrada pela Polícia Civil do Ceará (PCCE), na última terça (23), com o objetivo de cumprir 81 mandados judiciais, sendo 12 prisões domiciliares com uso de tornozeleira eletrônica, quatro prisões preventivas e 23 sequestros de bens, além de mandados de busca e apreensão e bloqueios de contas bancárias. Pelo menos seis suspeitos terminaram presos em flagrante.

Com a busca e apreensão, a Polícia subtraiu do grupo criminoso centenas de cartões bancários e documentos falsos, 11 carros de luxo, uma motocicleta, joias, mais de R$ 50 mil em espécie e até seis armas de fogo. Os bens apreendidos e sequestrados somam um valor de cerca de R$ 5,5 milhões.

A descoberta de ilícitos resultou nas prisões em flagrante de líderes do esquema criminoso. Um deles é Denes Pereira Vidal, de 36 anos, que estava na posse de documentos falsos e ainda era um dos alvos de mandado de prisão preventiva. Segundo a Polícia Civil, Denes não tem emprego formal e nunca contribuiu para a Previdência Social, mas ostentava veículos luxuosos, um Chevrolet Camaro e uma Toyota Hilux.

"Eles (criminosos) tomaram conhecimento de um 'modus operandi', uma forma de fraudar instituições financeiras. Esse engodo se espalhou e muita gente passou a agir por si próprio. O Denes não figura como líder dos demais, ele é mais um. A particularidade sobre o Denes é que ele fez desse estelionato uma 'empresa criminosa'. Ele era muito organizado no que fazia", descreve o titular da Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), delegado Ismael Araújo.

Ao ser interrogado pela Polícia, Denes alegou que apenas emprestava a imagem para a confecção das identidades falsas, para um homem que mora em Fortaleza, e ganhava cerca de 10 a 15% dos benefícios obtidos nos bancos. Sobre os veículos, disse que eram de um irmão.

Apontado como outro líder da organização criminosa preso, José Juscier Rodrigues de Sousa estava na posse de duas pistolas (9mm e calibre 380), 30 munições e R$ 16 mil em espécie. A sua esposa, Francisca Arliene Davi de Sousa Rodrigues, também foi detida em flagrante, na posse de documentos falsos. O casal pagou fiança individual de R$ 10 mil, pela prisão em flagrante, e está em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

O advogado Rafael Dutra Freire representa Denes Vidal, José Juscier e Francisca Arliene. Conforme o advogado, os clientes não são líderes de organização criminosa, Denes já trabalhou de carteira assinada e Juscier era vigilante.

Quanto às armas de fogo apreendidas com os dois homens, o advogado explica que os armamentos são registrados e os dois clientes possuem Certificado de Registro para atirador desportivo de arma de fogo, além de frequentarem clubes de tiro.

"Quanto aos bens móveis e imóveis, estes não eram de sua propriedade e demonstrará que a aquisição foi pretérita a qualquer envolvimento ilícito e com recursos lícitos. Por fim, tudo isto será devidamente comprovado perante a Autoridade Competente afim de instruir o procedimento no intuito de demonstrar sua inocência", conclui o advogado.

Família no alvo

Emiqueles Pacheco de Lima foi preso com um revólver calibre 38 e seis munições. O irmão dele, Emiquézio, também foi um dos alvos da Operação, mas conseguiu fugir e segue foragido.

Também foram presos em flagrante os irmãos Ada Áquilla Araújo Arnou e Álamo Asaff Araújo Arnou, filhos de um policial militar da Reserva Remunerada. Ada também é esposa de Emiquézio, que está foragido. Na residência da família, foram encontradas dezenas de documentos de identificação falsos.

Os irmãos Ada e Álamo e Emiqueles também pagaram fiança e passaram para a prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico.

A defesa dos familiares não foi localizada para comentar as suspeitas. Em manifestação no processo pela prisão em flagrante, os advogados ressaltaram que "os postulantes preenchem as condições de responder ao processo em liberdade, tem residência fixa e profissão definida" e que corriam riscos de contrair a Covid-19 no presídio.