Laudo conclui que coroinha morto na Barra do Ceará foi executado com três tiros na cabeça

No último mês de setembro, o MPCE denunciou cinco pessoas por participação no homicídio. Jefferson tinha três cortes na sobrancelha, o que, para os acusados é símbolo de pertencimento à facção rival

Chutes, pontapés, pedradas e pauladas. Por fim, quando a vítima já não tinha mais como reagir, disparos de arma de fogo. O laudo da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) indicou que o coroinha Jefferson Brito Teixeira, de 14 anos, foi morto com três tiros na cabeça. Testa, nariz e bochecha do adolescente foram atingidos em um crime brutal ocorrido na Barra do Ceará, no fim da tarde do dia 18 de agosto de 2020.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou cinco pessoas por envolvimento no assassinato. De acordo com a acusação feita no último mês de setembro, Robson Vasconcelos, David Hugo Bezerra da Silva, José Jorge Sousa Oliveira, Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira Xavier e Antônio Ivo do Nascimento Fernandes participaram da morte do coroinha na companhia de um sexto envolvido, este menor de idade. A 3ª Vara do Júri aceitou a denúncia.

O que motivou as agressões contra a vítima foi o fato de ela ter três cortes na sobrancelha e, por isso, os denunciados acreditarem que o adolescente pertenceria à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) rival da facção Comando Vermelho (CV), predominante naquela região.

Conforme a denúncia, Vasconcelos estava no intervalo do trabalho. Ao caminhar até o local onde iria lanchar, o acusado viu a vítima e reparou na sobrancelha. "Diante daquela situação, Robson Vasconcelos, integrante do CV, rival da GDE, sem hesitar, arrebatou a vítima pela gola da camisa e a conduziu para local mais reservado, objetivando, desde já, ceifar-lhe a vida, por entender que o adolescente era pilantra", segundo os autos.

Papa Francisco escreve carta de pesar para avó de coroinha assassinado

Participações

Também consta na denúncia do MPCE que, quando já agredia a vítima, Robson percebeu a presença dos outros acusados, também identificados pelas autoridades como integrantes da facção Comando Vermelho. O órgão ministerial aponta que Robson Vasconcelos gritou pedindo a participação dos comparsas nos ataques contra a vítima.

"Atendendo ao chamado do primeiro denunciado, os corréus, e o adolescente, de igual forma, iniciaram, também, uma sequência de agressões, agora com chutes, socos, paus e pedras. Nessa altura, a vitima já não expressava qualquer reação, não sendo suficiente, porém, para cessar as agressões. Ato contínuo, Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira Xavier empunhou uma arma de fogo a qual portava, e efetuou disparo contra Jefferson de Brito Teixeira", especificou o órgão acusatório sobre como os suspeitos agiram. Em depoimento prestado pelo preso Robson Vasconcelos, o suspeito confessou ter espancado o adolescente.

No interrogatório, Vasconcelos teria dito aos policiais que o espancamento teve início porque o adolescente havia tentado roubar o celular de uma mulher.

A investigação não apontou nenhum envolvimento de Jefferson com atos infracionais, nem mesmo vínculo com qualquer organização criminosa. Consta nos autos que o coroinha só teria cortado a sobrancelha daquela forma porque gostava do estilo e havia se inspirado em cantores.

Reincidência

José Jorge de Sousa Oliveira e David Hugo Bezerra da Silva tinham sido soltos horas antes do homicídio contra o jovem e cumpriam medida cautelar de monitoramente com tornozeleira eletrônica. A Polícia chegou ao paradeiro da dupla após os localizadores apontarem presenças de ambos no local do crime.

Em resposta à acusação, a defesa de José Jorge negou que o denunciado tenha participado do homicídio. Conforme a defesa, Jorge estava com tornozeleira eletrônica, em casa, e o local onde o crime aconteceu é muito próximo à residência do acusado, "motivo que explica a indicação do monitoramento naquela região".

Já a defesa de David Hugo Bezerra da Silva informou que o indiciado não tem qualquer ligação com os fatos narrados no auto de prisão em flagrante e não pertence a nenhuma organização criminosa. Os representantes dos demais acusados ainda não se pronunciaram nos autos e não foram localizados pela reportagem.

Após ser agredido, o coroinha Jefferson Brito foi atingido por três disparos de arma de fogo. Cinco homens foram identificados como autores do homicídio e denunciados pelo Ministério Público do Ceará