Homem vai a julgamento por participar de emboscada para raptar e matar colega em Fortaleza

Corpo da vítima foi encontrado apenas um mês depois do crime

Uma ligação e um pedido para entregar um dinheiro a uma pessoa. José Edvaldo Faustino Arcanjo não sabia que estava sendo vítima de uma emboscada. Um dos acusados de participar do rapto e do assassinato do homem que o tinha como um colega, em 2017, vai a julgamento na Justiça Estadual. O corpo da vítima foi encontrado apenas um mês depois do crime.

José Willame Moura de Souza irá sentar no banco dos réus no próximo dia 16 de novembro, conforme decisão da 2ª Vara do Júri de Fortaleza, publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última terça-feira (31). Ele será julgado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de tortura e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e corrupção de menores.

A defesa de José Willame afirmou, nos Memoriais Finais, que ele "está sendo injustamente acusado pelo crime de homicídio qualificado". "Não encontramos diligências por parte da Polícia Civil para mais concretamente determinar a participação efetiva de cada acusado no cenário do crime, apenas extrato de transcrições de ligações telefônicas. O que sucinta interpretação unilateral por parte do aparato policial", aponta a defesa.

Outros três homens foram acusados pelo crime. Antônio Iago da Silva também foi pronunciado (isto é, levado a julgamento) pela 2ª Vara, mas recorreu da decisão ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e aguarda apreciação do recurso. Antônio Wesley Sousa Monteiro morreu durante o processo criminal. E Flávio Silva Barbosa não foi localizado pelas autoridades, em seis anos após o homicídio.

Como aconteceu a emboscada fatal

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Antônio Iago, conhecido como 'IG', foi o mentor do crime. Ele ligou para José Edvaldo para dizer que ia transferir R$ 2,5 mil para a sua conta bancária, para ele entregar a comparsas.

José Willame, o 'Loucura', teve a função de acertar detalhes da entrega do dinheiro com a vítima. Na tarde de 21 de julho de 2017, Edvaldo se direcionou à casa de um amigo, para realizar a entrega. O encontro se deu na Avenida Castelo de Castro, bairro Conjunto Palmeiras, onde ele entregou o dinheiro para Flávio Barbosa (o 'Pará') e um adolescente, mas foi surpreendido. A dupla ordenou que ele se deitasse, atirou no seu joelho e o amarrou.

Antônio Wesley, o 'Pequeno', ficou no apoio da dupla e tomou o carro da vítima. As investigações policiais apontaram que José Edvaldo foi raptado e assassinado, em seguida. A motivação do crime seria uma desconfiança de 'IG' que a vítima tinha repassado informações do grupo criminoso à Polícia, o que resultou na sua prisão por tráfico de drogas.

"Aos 26/08/2017, pouco mais de um mês depois do crime, a Autoridade Policial foi acionada para atender uma ocorrência de achado de cadáver, onde no local foi encontrado o corpo da vítima, em estado de decomposição, decapitada e com os pés amarrados", revela a denúncia do MPCE.