A soltura do piloto Felipe Ramos Morais levou outro acusado de matar dois líderes de uma facção criminosa paulista a também pedir pela revogação da prisão preventiva. Tiago Lourenço de Sá Lima está foragido, mas solicitou a liberdade provisória à Vara Única Criminal de Aquiraz, da Justiça Estadual, na última sexta-feira (23).
Tiago é um dos dez acusados de participar dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Sousa, o 'Paca', em uma reserva indígena em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 15 de fevereiro de 2018. Quatro dos réus estão presos, um foi colocado em liberdade e cinco continuam foragidos. Os réus devem ser ouvidos pela Justiça, por videoconferência, nos dias 1, 2, 7 e 8 de junho deste ano.
O pedido de liberdade foi feito pela defesa de Tiago poucas horas após a divulgação na imprensa da soltura do piloto Felipe Morais, que foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) sob caráter sigiloso no dia 12 de abril último. Os advogados pediram por esclarecimentos à Vara de Aquiraz sobre a soltura do outro réu.
A defesa alega ainda que faltam provas contra Tiago Lourenço: "Saliente-se que falta nos autos qualquer prova hábil para concluir ser o ora Requerente partícipe da empreitada criminosa em estudo, ou que faça parte de qualquer organização criminosa. Mais ainda, inexiste prova de que garantida sua liberdade apresente alto risco para a ordem e a sociedade em geral, tornando assim ilegal o decreto de prisão preventiva outrora exarado".
Segundo a defesa de Tiago, o piloto Felipe Morais firmou delação premiada, o que não foi lembrado na denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE). E, por causa disso, o processo criminal deveria ser anulado. O pedido aguarda manifestação do Ministério Público e a decisão judicial.
Duplo homicídio em Aquiraz
Conforme as investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE), 'Gegê do Mangue' e 'Paca' foram mortos em uma emboscada da própria facção criminosa paulista, que não aceitava a vida de luxo que a dupla levava em terras cearenses e suspeitava de desvios financeiros.
Os assassinos e as vítimas teriam sido levadas à terra indígena onde aconteceu o crime em um helicóptero, pilotado por Felipe Morais. Tiago Lourenço é acusado de ser um dos executores. O grupo teria sido cooptado por Wagner Ferreira da Silva, o 'Cabelo Duro', que foi assassinado em São Paulo dias depois do duplo homicídio em Aquiraz.