Ex-PM preso por morte de advogado estava com carro e roupas utilizados por autor do crime, diz Polícia

A defesa dos dois ex-policiais militares presos pelo homicídio quer que eles fiquem no Presídio Militar, mas o primeiro pedido foi negado pela Justiça

As investigações da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) apontam que um carro e uma roupa, apreendidos com o ex-policial militar Glauco Sérgio Soares Bonfim, de 51 anos, foram utilizados no assassinato do advogado Francisco Di Angelis Duarte de Morais, 41, em Fortaleza, em maio deste ano. As informações constam de documentos da Polícia Civil que a reportagem teve acesso.

Outros dois suspeitos de participar do homicídio também foram presos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no dia 17 de junho: o também ex-PM, José Luciano Souza de Queiroz, 43, e o empresário do ramo de saúde e de combustíveis Ernesto Wladimir Oliveira Barroso, 42 - apontado como o mandante do crime.

O processo por homicídio tramita sob sigilo de Justiça. A Polícia Civil do Ceará ainda não divulgou a motivação do crime e se há outros presos pelo homicídio. Procurada nesta terça-feira (4), a Instituição respondeu que "algumas informações seguem sendo preservadas para não comprometer os trabalhos policiais".

O veículo e as roupas apreendidos foram encontrados em um imóvel na Rua Norma Guilhon Mitoso, no bairro Paumirim, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, durante cumprimento de mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o ex-PM, no dia 17 de junho último.

O policial civil que participou do cumprimento dos mandados narrou, no Inquérito Policial, que "a equipe já tinha conhecimento da existência do envolvimento de um veículo Ford Focus, cor prata, placas NUW-4E60, no homicídio investigado, e encontrou o referido veículo estacionado em frente ao apartamento".

"Foram encontradas na sala do apartamento e devidamente arrecadadas peças de roupa (calça jeans, camisa, capa de chuva, capacete e par de tênis) compatíveis com as do indivíduo suspeito do homicídio investigado no inquérito vinculado à medida cautelar em que foram deferidas as buscas", acrescentou.

Os policiais civis ainda apreenderam uma espingarda calibre 22, acompanhada de 8 munições, dentro do carro; e 6 papelotes de pó branco (que veio a ser constatado como cocaína), no imóvel. Em outra residência pertencente a Glauco Bonfim, no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, foram apreendidos 6 munições calibre 38 e um estojo deflagrado de munição calibre 380. Em razão do material ilícito, o suspeito também foi preso em flagrante.

O ex-PM acabou indiciado pelo DHPP, da Polícia Civil, e denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pelos crimes de posse irregular de arma de fogo e munições de uso permitido e posse de drogas para consumo pessoal.

O delegado do DHPP arbitrou fiança de R$ 13,2 mil para a prisão em flagrante, o que foi homologado pela Justiça Estadual. Em depoimento à Polícia Civil, Glauco se identificou como empresário do ramo de construções, manteve-se em silêncio sobre o assassinato do advogado, mas, ao saber do preço da fiança, pediu ao delegado que "lhe ajudasse" e alterasse para "um salário mínimo", segundo o Inquérito.

Defesa quer ex-PMs em Presídio Militar

A defesa dos ex-policiais militares Glauco Sérgio e José Luciano ingressou com um pedido, na Vara da Auditoria Militar de Fortaleza, para os dois presos serem transferidos dos xadrezes da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) para o Presídio Militar - e não para um presídio comum.

"A necessidade de custodiar os mesmo lá é por ser o local mais adequado para os mesmos visando a preservação de suas integridades físicas, pelo risco concreto de os mesmos se depararem com internos que tenham sido presos durante suas atuações por longo período quando Policiais Militares, sendo mais grave a situação por ser de conhecimento que não existe preservação da identidade dos ex policiais no sistema prisional", justificou a defesa.

Entretanto, a Auditoria Militar indeferiu o pedido, na última quinta-feira (29), "por não ter competência para tanto, em razão dos requerentes encontram-se custodiados sob a competência de outra jurisdição (outra Vara), bem como pelo fato de terem perdido a condição de militares estaduais".

Na última segunda-feira (3), a defesa da dupla fez um Pedido de Retratação à Vara da Auditoria Militar, por entender que se trata de um pedido de disponibilidade de vagas no Presídio Militar e que os clientes prestaram serviços à Polícia Militar do Ceará (PMCE) e à sociedade por muitos anos.