Cunhada de Marcola, acusada de lavar dinheiro do PCC no Ceará, deve continuar presa, decide TJCE

Francisca Alves da Silva está presa desde abril de 2024, quando foi alvo da Operação 'Primma Migratio'

Sob acusação de lavar dinheiro da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no Ceará, Francisca Alves da Silva, cunhada de Willians Herbas Camacho, o ‘Marcola’, deve continuar presa. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) negou habeas corpus pedido pela defesa da cearense, em sessão ordinária realizada na segunda câmara criminal.

Francisca, também conhecida como ‘Pretinha’, é casada com Alejandro Juvenal Herbas Camacho, o 'Júnior' ou 'Marcolinha', irmão de Marcola. Ela está presa desde abril de 2024. A defesa dela alegou uma suposta ilegalidade da prisão preventiva ao afirmar que estão ausentes elementos de provas que indiquem a participação da mulher nos crimes apurados na operação ‘Primma Migratio’. Os advogados ainda requereram conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar ao dizer que a acusada tem um filho que depende dos cuidados dela.

Os desembargadores votaram contra o pedido, no último dia 11 de setembro. Na decisão que o Diário do Nordeste teve acesso, os magistrados destacam que a prisão é legal e que Francisca não comprovou se somente ela poderia cuidar do filho, já adolescente.

Francisca Alves é investigada por lavar o dinheiro do PCC “por meio da exploração de jogos de azar, tráfico de drogas e armas”

Como funcionava o esquema

O grupo foi alvo da Operação Primma Migratio, deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Ceará (Ficco/CE), no dia 24 de abril deste ano. 

Segundo as investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, o grupo que lavava dinheiro vindo sendo liderado por Francisca Alves já que os irmãos Camacho estão presos. 

Ela foi presa em um condomínio de luxo no Arujá, em São Paulo.

Para comandar o jogo do bicho e a lavagem de dinheiro da facção no Ceará, 'Pretinha' dividia as decisões do esquema criminoso com dois homens, que também viraram réus na Justiça: o cearense Geomá Pereira de Almeida ficou conhecido dentro do PCC como um especialista na estrutura dos jogos de azar, que voltou de São Paulo para o Ceará para liderar o jogo do bicho da facção; enquanto Menesclau de Araújo Souza Júnior era responsável por coordenar a estrutura de lavagem de dinheiro da quadrilha, com a compra de bens luxuosos e com o uso de uma loteria em Fortaleza, segundo as investigações.

Com a acusada foi apreendido um bilhete, no qual tinha um “salve” supostamente escrito pelo preso André Luiz de Souza, o 'Amin'.

O bilhete cita nomes de ex-presidentes do Brasil para se referir a lideranças do PCC. O documento seria destinado principalmente a 'Alemão' e 'Príncipe', membros da facção que estariam em liberdade.

As informações contidas no bilhete ajudaram a Ficco a entender a estrutura da organização criminosa que foi alvo da Operação Primma Migratio. O grupo realizaria a lavagem de dinheiro da facção, através do jogo do bicho e outras apostas, no Ceará. 22 investigados foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).