Como atuava quadrilha que tinha 'central de golpes' em cobertura de condomínio de luxo em Aquiraz

Operação da Polícia Civil prendeu oito suspeitos em flagrante e apreendeu veículos, joias de ouro, dinheiro, celulares e notebooks. Quadrilha que morava no Ceará fazia vítimas em todo o Brasil

Uma investigação policial contra um casal oriundo de São Paulo, suspeito de lavagem de dinheiro, levou a Polícia Civil do Ceará (PCCE) a uma "central de golpes" que funcionava na cobertura de um condomínio de luxo, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Oito suspeitos foram presos em flagrante, na última quinta-feira (10).

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em uma residência no Eusébio, onde o casal morava, e em quatro imóveis em Aquiraz, onde funcionava a "central de golpes", na Operação Reditus. Com os suspeitos, foram apreendidos 15 veículos, três quadriciclos, joias de ouro, bolsas luxuosas, R$ 11 mil em espécie, mais de 20 celulares e mais de 30 notebooks.

O grupo cometia furtos mediante fraudes eletrônicas, que faziam vítimas em todo o Brasil. A quadrilha, na posse de bancos de dados, utilizava softwares para disparar milhares de mensagens por SMS, por e-mails ou pelo aplicativo WhatsApp, que informavam, por exemplo, que uma certa compra tinha sido realizada no nome da vítima, em uma loja, ou simulavam mensagens de bancos.

As vítimas clicavam em links com vírus ou repassavam dados solicitados, que permitiam que os criminosos tivessem acesso às suas contas bancárias. O grupo criminoso tinha até atendentes para falar com as vítimas e as convencerem de passar mais informações. 

A Polícia cearense irá aprofundar as investigações, através da análise do material apreendido, para descobrir quantas pessoas foram vítimas do grupo e qual o valor alcançado pela quadrilha.

Esquema de lavagem de dinheiro

O casal oriundo de São Paulo entrou no alvo da Polícia Civil do Ceará a partir de "um intercâmbio de informações de outras instituições de investigação", segundo o delegado adjunto da Delegacia de Combate à Lavagem de Dinheiro (DCLD), Jailton Rodrigues.

Cinco "empresas fantasmas" foram abertas pelo casal, segundo a Polícia Civil, que suspeita que as empresas eram utilizadas para circular dinheiro proveniente dos golpes.

O homem de 34 anos abriu uma produtora musical e uma locadora de veículos em São Paulo, além de uma empresa de reciclagem de fluidos de óleo em Fortaleza. Já a mulher de 28 anos tinha uma loja de artigos femininos em São Paulo e uma clínica de estética no Eusébio, no Ceará. Os nomes dos alvos não foram divulgados pela Polícia.

"As investigações demonstraram que todas essas empresas eram alimentadas com objetos e veículos provenientes das ações criminosas anteriores e muitas delas não tinham atividade efetiva. Essas empresas tinham só a função de mascarar o dinheiro advindo dos crimes", definiu Rodrigues.

O casal ainda teria comprado um imóvel, no Eusébio, por R$ 2 milhões em espécie, à vista; e um veículo de R$ 200 mil, por uma transferência via Pix, também à vista.

Quem são os suspeitos presos

A Polícia não possuía mandados de prisão preventiva contra o casal. Entretanto, o homem de 34 anos foi preso em flagrante, por suspeita de comandar os furtos mediante fraudes, já que um vasto material foi encontrado na "central de golpes". Ele já respondia pelo mesmo crime em São Paulo.

A mulher responderá por lavagem de dinheiro em liberdade. O casal estava no Ceará há cerca de um ano. "No procedimento flagrancial, eles informaram que vieram ao Estado do Ceará por ser um Estado agradável para se morar. Inicialmente vieram a lazer, e posteriormente decidiram ficar", apontou o delegado Jailton Rodrigues.

Esse tipo de crime praticado por eles pode ser praticado em qualquer local. Eles aproveitaram as vantagens que nós temos no Ceará, para instalar isso em condomínios de luxo, com uma alta qualidade de vida, como a gente percebe pelos veículos apreendidos e pelos quadriciclos, que eles utilizavam para o lazer."
Jailton Rodrigues
Delegado da Polícia Civil

Após se instalar no Estado, o casal trouxe mais seis pessoas naturais de São Paulo, que atuavam como atendentes da "central de golpe" e que também foram presas em flagrante - três homens e três mulheres (que tinham entre 35 e 38 anos). Um cearense, de 28 anos, também foi capturado por suspeita de participar do esquema criminoso.