A Secretaria de Saúde do Crato divulgou, nesta sexta-feira (13), que suspendeu o alvará sanitário da casa de acolhimento para mulheres, localizada no bairro Mirandão, onde a Polícia Civil do Ceará (PCCE) descobriu uma série de crimes, como abuso sexual e cárcere privado. O diretor da clínica foi preso, na última quinta (12).
Segundo a Secretaria de Saúde, o estabelecimento tinha alvará sanitário emitido em novembro de 2020, como casa de acolhimento. "Após visita, foram verificadas, naquele momento condições salubres e de funcionamento, com apresentação de vistoria do Corpo de Bombeiros, planos de contingência para enfrentamento do coronavírus e outros documentos necessários, e o mesmo teria vigência até novembro de 2021", revela a Pasta.
Mas a Vigilância Sanitária do Município voltou ao local, na última quinta (12), devido à operação policial, e encontrou outro cenário.
Diante da denúncia, a Vigilância Sanitária realizou visita ao local e constatou área não existente ou omitida na visita anterior, apresentando não conformidades estruturais, em condições insalubres, não sendo possível o funcionamento do serviço. Assim, o referido serviço tem o seu alvará sanitário suspenso.
Polícia Civil descobre crimes a partir de bilhete
A Polícia Civil descobriu uma série de irregularidades em uma clínica de repouso para mulheres idosas e com problemas psiquiátricos, no Município do Crato, na Região do Cariri, a partir de um bilhete que denunciava a prática de abuso sexual. O diretor do estabelecimento foi preso preventivamente, nesta quinta-feira (12).
"Chegou, há uma semana, uma mulher na Delegacia dizendo que a irmã dela estava em uma casa de saúde aqui no bairro Mirandão, no Crato, e que essa irmã tinha conseguido chegar até ela com um bilhete", conta a titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Crato (DDM), delegada Kamila Brito.
A irmã foi até um CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), para uma consulta médica, levada pelo diretor dessa clínica, e disse que precisava falar com uma das irmãs dela, no Centro do Crato. Chegaram até a irmã, e ela, de forma escondida, entregou um bilhete. Ela dizia 'me tire daqui, socorro, estou sofrendo abuso sexual da pessoa de Fábio, diretor da clínica'.
A mulher retirou a irmã da casa de saúde, por recomendação da Polícia, e a levou para prestar depoimento pelo abuso sexual sofrido. A vítima foi encaminhada para realizar o exame de corpo de delito, que deu negativo. Mas, segundo a delegada, o crime não foi cometido com conjunção carnal e sim com atos libidinosos.
O depoimento da vítima motivou um pedido de prisão preventiva, que foi acatado pela Justiça Estadual. O mandado foi cumprido nesta quinta (12), contra Fábio Luna dos Santos, de 35 anos, dentro da clínica que ele dirigia.
'Fiquei chocada', diz delegada sobre situação da clínica
Policiais civis que foram cumprir o mandado de prisão se surpreenderam com a situação da clínica e chamaram a delegada Kamila Brito para também presenciar o cenário em que viviam 33 mulheres, de 30 a 90 anos.
Também fiquei chocada. O lugar não tinha qualquer condição física de estar com aquelas 33 mulheres ali. Eram quartinhos minúsculos, parecidos com celas. E elas ficavam trancadas, de cadeado. O local era fétido, tinha mau cheiro, não tinha ventilação, havia restos de comidas, cinco cachorros de médio porte, porcos. Então, realmente uma situação lastimável, que deixou a equipe consternada.
Diante da situação, Fábio Luna também recebeu voz de prisão em flagrante pelos crimes de maus tratos e cárcere privado. E ainda será investigado pela Polícia Civil por crimes de apropriação de benefícios das vítimas.
Segundo a delegada Kamila Brito, o suspeito negou os crimes sexuais e alegou que o local era apropriado para manter as mulheres, assim como defendeu que elas tinham que ficar presas, não podiam ter banheiro e tinham que fazer as necessidades fisiológicas em baldes. A defesa de Fábio Luna não foi localizada para comentar as suspeitas.