Associações de policiais civis e militares do Ceará reclamam de lentidão e de outros problemas na vacinação contra a Covid-19 voltada para as categorias. Em respostas, secretarias dos governos Municipal e Estadual garantem que seguem o cronograma e a oferta de doses disponível pelo Governo Federal.
A vacinação dos profissionais de Segurança Pública (de órgãos municipais, estaduais e federais), no Ceará, começou no último domingo (11) e teve continuação neste sábado (17). As doses são aplicadas em Fortaleza, Crateús, Granja, Iguatu, Limoeiro do Norte, Mauriti, Mombaça, Sobral, Tauá, Tururu, entre outros municípios, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).
Somente na Capital, 2.189 servidores já foram convocados para receberem a primeira dose - sendo 1.483 no primeiro dia e mais 706, no segundo. Apesar das categorias policiais terem sido acrescentadas nas prioridades, agentes afirmam que estão expostos ao vírus e esperam mais celeridade na vacinação.
Na Polícia Civil do Ceará (PCCE), 377 agentes foram classificados para serem vacinados em Fortaleza, nos dois dias de vacinação (287 no primeiro e 90, no segundo), conforme o site da Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF). O efetivo da Instituição é de 3.900 servidores.
O problema é a lentidão. O que nos preocupa é que a gente não trabalha em 'home office'. A gente trabalha atendendo o público, 24 horas. O que se espera é uma maior vacinação dos policiais.
O delegado questiona ainda a falta de prioridade dentro da categorial policial, para receber a vacinação. "Isso está trazendo aflição aos policiais, principalmente aqueles com idade de mais de 60 anos ou aqueles que têm comorbidade", revela Jaime de Paula.
Já na Polícia Militar do Ceará (PMCE), foram convocados 1039 PMs (739 no primeiro dia e mais 300, no segundo) somente em Fortaleza. O efetivo da Corporação é superior a 20 mil agentes.
O diretor presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece), P. Queiroz, conta que também tem recebido reclamações da categoria quanto a lentidão da vacinação. Segundo ele, deveriam ser priorizados os policiais que estão na linha de frente, ou seja, atuando nas ruas para manter a segurança e o distanciamento social rígido.
P. Queiroz afirma ainda que houve falta de informação por parte dos Comandos da Polícia Militar:
"A corporação deveria ter dito para os policiais que só seria vacinado quem fez o cadastro. Policiais da ativa me informaram que não foi divulgada essa informação. Teve mais policiais inativos se vacinando do que ativos".
O que diz o Governo
Quetionada sobre as reclamações, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado informou, em nota, que "a logística e a divulgação do cronograma de vacinação contra a Covid-19 dos servidores e militares da segurança pública do Ceará são estabelecidas pelas secretarias municipais de saúde, que são encarregadas pela aplicação dos imunizantes".
"Cada secretaria municipal de saúde recebeu a relação nominal do efetivo a ser vacinado com antecedência. Os chefes das unidades de órgãos de segurança pública em cada cidade foram orientados a entrar em contato com as secretarias de saúde para tomar conhecimento sobre o cronograma e a logística da aplicação do imunizante. O cadastro de vacinação no Ceará é feito pela ferramenta Saúde Digital", continua.
A SSPDS lembra que "a imunização é resultado do esforço e da articulação do Governo do Ceará para a antecipação dos profissionais de segurança nos grupos prioritários".
A campanha de imunização dos profissionais das forças de segurança e salvamento ocorre nos municípios cearenses à medida que novos lotes das vacinas são enviados pelo Ministério da Saúde.
Procurada, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), através da assessoria de comunicação, informou que apenas repassa as vacinas para os Municípios aplicarem. Já a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) divulgou que a distribuição entre os públicos prioritários segue recomendação do Ministério da Saúde, que sugeriu a aplicação de 12% das doses em profissionais das Forças de Segurança Pública e Forças Armadas.