O Tribunal do Júri decidiu, nessa segunda-feira (17) inocentar dois acusados de assassinar um idoso, pai de um policial militar, que teria sido executado após denunciar crimes que vinham acontecendo na região do Quintino Cunha, em Fortaleza. A decisão foi proferida em julgamento na 2ª Vara do Júri.
Os jurados votaram pela inocência de Robson Aurélio Santos da Silva e Ramon David Leitão Costa. Eles chegaram a ser pronunciados e sentaram no banco dos réus sob acusação do homicídio triplamente qualificado de José Hilário Andrade.
A defesa de Robson, representada pelo advogado criminalista Taian Lima, diz que "a Justiça prevaleceu": "tratava-se de um caso complexo e rumoroso, até pelas circunstâncias presentes, e que trazia um inquérito policial maculado desde a gênese. Foi apresentado ao Conselho de Sentença, que acolheu a tese desta banca defensiva e absolveu o réu".
Um terceiro acusado, Jefferson Freitas da Silva, já tinha sido impronunciado.
Sobre a absolvição de Jefferson, para o juiz, "o que se constatou é que a prova produzida nesta fase judicial não trouxe elementos capazes de demonstrar indícios suficientes de autoria quanto à possível participação do referido acusado".
AMEAÇAS À VÍTIMA
O crime aconteceu em julho de 2021. Na época, a investigação apontou que a vítima não teria acatado a ordem da facção criminosa atuante na área, que expulsou moradores do local e ordenou que o idoso de 70 anos saísse da casa onde morava com a família.
Os policiais que atenderam a ocorrência chegaram a dizer que o grupo já havia pedido que ele se retirasse da residência várias vezes, mas ele recusava e continuava no imóvel.
O trio foi preso em flagrante e denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).
Conforme a denúncia, José Hilário não estava na residência, mas a sua esposa respondeu que ele estava na "bodega". O trio foi até o local. "Nesse instante, o denunciado Ramon, em companhia de Jefferson, verberava para que Robson atirasse, enquanto a vítima declarava que não tinha nada a ver com aquilo, se referindo a uma operação policial ocorrida no dia anterior naquela comunidade", narra o MPCE.
"Porém, Ramon insistia, pois acreditavam que José, por ser pai de um policial [...], havia delatado os criminosos da região para a polícia. Assim, o denunciado Robson efetuou os disparos de arma de fogo que ceifaram a vida do ofendido."
Os réus chegaram a ser acusados de homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e contra familiar de autoridade.