A Justiça Estadual não sabe a localização de um acusado pela Chacina das Cajazeiras - episódio que deixou 14 mortos em Fortaleza, em janeiro de 2018. Ayalla Duarte Cavalcante, o 'Zóio' ou 'Zoião', de 26 anos, que responde ao processo criminal em liberdade, não compareceu aos últimos atos processuais e não foi localizado pela Justiça na última quarta-feira (11).
A 2ª Vara do Júri de Fortaleza expediu mandado de citação para o acusado participar das últimas audiências de instrução do processo, por videoconferência, marcadas para os próximos dias 16 e 18 de maio. A expectativa da Justiça é que os réus sejam interrogados pelo caso na segunda data.
O oficial de Justiça se dirigiu a uma residência no bairro Parque Dois Irmãos, em Fortaleza, para intimar 'Zoião', na última quarta (11). Entretanto, ao chegar ao local, o servidor encontrou apenas a mãe do acusado, que afirmou que o seu filho desapareceu há um ano, que não tem mais informações sobre o mesmo e que não sabe sequer se o mesmo está vivo.
Na última decisão, proferida no dia 4 de maio deste ano, o juiz Antonio Josimar Almeida Alves manteve as prisões preventivas dos outros 13 acusados pela Chacina e ressaltou que "o denunciado Ayalla Duarte Cavalcante encontra-se em liberdade, entretanto, deixou de comparecer a instrução processual, sem apresentar justificativa".
Questionado sobre a situação, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) respondeu que "o réu Ayalla Duarte Cavalcante, assistido pela Defensoria Pública, responde em liberdade à referida ação penal, pois não houve representação (pedido) por sua prisão preventiva".
Logo, não foi decretada medida cautelar privativa de liberdade. Embora o referido réu não tenha participado de alguns atos do processo, não se configura como foragido, pois como já explicitado, não há decreto de prisão em desfavor dele, e mesmo em liberdade, pode o réu, optar por não comparecer às audiências."
Matança foi causada por guerra entre facções
A Chacina das Cajazeiras entrou para a história moderna do Ceará como a matança que teve o maior número de vítimas: foram 14 vidas ceifadas, no Forró do Gago, em Fortaleza, no dia 27 de janeiro de 2018. Quatro anos depois, nenhum dos 14 réus foi julgado.
A investigação policial apontou que uma facção criminosa cearense cometeu a matança com o intuito de atacar uma facção rival, de origem carioca, que dominava a região onde acontecia a festa. Entretanto, algumas das vítimas não tinham ligação com o grupo criminoso e não tinham sequer antecedentes criminais.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou 15 homens pelas mortes ocorridas no Forró do Gago. Mas Rennan Gabriel da Silva, o 'RG' ou 'Biel', que estava preso, morreu sob custódia do Estado, no Hospital São José, em janeiro de 2019. Segundo as autoridades, ele morreu devido a um quadro de tuberculose, falência múltipla dos órgãos e insuficiência renal crônica.
Dos 14 réus, 13 estão presos - dos quais, 11 estão encarcerados no Sistema Penitenciário do Ceará e os irmãos Misael de Paula Moreira e Noé de Paula Moreira, detidos na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília. Já Ayallla Duarte Cavalcante responde ao processo em liberdade, mas deixou de comparecer à instrução processual, sem apresentar justificativa.