Um homem vai a julgamento, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na tarde desta segunda-feira (6), por matar a própria esposa, Rosiane Dantas da Silva, conhecida como Diana Pitaguary, e enterrar o corpo em uma cova rasa, em agosto de 2017. Ao ser preso, o acusado se declarou pai de santo e justificou que estava "possuído por uma entidade".
Lucas Matias de Lima, de 35 anos, será julgado pelo júri popular pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver, no Salão do Júri do Fórum Desembargador Raimundo Catunda, em Pacatuba, a partir de 13h30.
Diana - assim como Lucas - pertencia ao povo indígena Pitaguary, que prepara um ato para pedir por justiça e pelo fim da violência contra a mulher, na frente do Fórum de Pacatuba, antes do julgamento.
"A família da Diana e nós, Pitaguary, mobilizamos mulheres para fazer um ato pacífico, para chamar da sociedade para esse crime bárbaro. A Diana era uma menina muito jovem, que foi assassinada pelo seu companheiro, na frente dos seus filhos", afirma Clécia Pitaguary, uma liderança do povo indígena.
A morte da jovem em Pacatuba motivou a sanção da Lei Nº 17.041, de 10 de outubro de 2019, que criou a Semana Diana Pitaguary, voltada para alertar alunos de escolas indígenas sobre temas como a violência contra a mulher, o feminicídio e a importunação sexual, no Ceará.
Vítima foi dada como desaparecida
Conforme informações da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), Lucas Matias de Lima chegou a registrar o desaparecimento da esposa em um Boletim de Ocorrência (BO), na Delegacia Metropolitana de Maracanaú.
As informações prestada por Lucas que Diana sumiu após sair de casa dizendo que iria visitar um ex-namorado e que ele tinha discutido com a esposa, após encontrar conversas dela com outro homem, levantaram a suspeita da Polícia sobre um feminicídio.
A investigação da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Pacatuba descobriu que Diana Pitaguary foi morta pelo companheiro e enterrada no quintal da própria casa, no dia 7 de agosto de 2017. No imóvel, foram apreendidos uma panela, um pedaço de pau e uma pá com manchas de sangue.
Lucas foi preso na casa da sua mãe, dois dias depois do crime. Ele tentou fugir, mas foi capturado. Ao prestar depoimento, o suspeito contou que era pai de santo e justificou que a esposa estaria mantendo um caso extraconjugal e que, no momento do crime, ele estava possuído por uma entidade.