A Polícia Civil do Ceará pediu autorização ao Poder Judiciário Estadual para transferir um dos acusados de assassinar o coroinha Jefferson de Brito Teixeira, 14. Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira Xavier está preso no Rio de Janeiro, mas pode retornar ao Ceará a qualquer momento.
Conforme alegações da PC, "é imprescindível realização da oitiva do acusado perante à Polícia Judiciária cearense, tendo em vista o crime de homicídio". Os custos do traslado e a logística devem ficar a cargo da Polícia Civil do Ceará, que se comprometeu perante à 3ª Vara do Júri de Fortaleza, nessa quinta-feira (1º), a disponibilizar policiais da 8ª Delegacia de Homicídios para a concretização da operação.
O paradeiro de Enzo só foi descoberto pelo Judiciário cearense no último mês. No dia 18 de junho, durante audiência de instrução, o juiz Victor Nunes Barroso determinou que fosse consultado o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) para saber se havia alguma informação sobre o réu.
Onze dias depois, a Defensoria Pública do Estado do Ceará informou nos autos que, conforme familiares, Enzo Gabriel havia sido preso no Rio de Janeiro em outubro de 2020, e estava mantido em cárcere na unidade prisional Paulo Roberto Rocha. Só depois de oito meses da captura, foi dada baixa no mandado de prisão.
Agora, está previsto que Oliveira participe de uma audiência virtual no próximo dia 18 de julho. Na ocasião, ele poderá ser interrogado pelas autoridades
Denúncia
Além de Enzo Gabriel Jacaúna de Oliveira Xavier, o Ministério Público do Ceará (MPCE) também acusou Antônio Ivo do Nascimento Fernandes, David Hugo Bezerra da Silva, José Jorge de Sousa Oliveira e Robson Vasconcelos por participarem no assassinato do coroinha. Neste quase um ano desde o crime que teve ampla repercussão na sociedade, as defesas tentaram por diversas vezes libertar os réus.
No dia 21 de junho deste ano foi a tentativa mais recente. O órgão ministerial se manifestou pela improcedência do pedido da revogação preventiva formulado pelos defensores de José Jorge e David Hugo. Foi constatado na investigação que a dupla utilizava tornozeleiras eletrônicas no dia da morte do coroinha e estava em liberdade há poucas horas.
Os suspeitos de participar do crime indicaram ao longo dos depoimentos que o coroinha teria três cortes na sobrancelha, símbolo que faz referência a uma facção criminosa contrária aquela predominante na Barra do Ceará, região onde o crime aconteceu.
Robson Vasconcelos chegou a confessar ter espancado o adolescente e no interrogatório explicou aos policiais os porquês das agressões. Segundo o denunciado, Jefferson tentou roubar o celular de uma mulher, e aquela cena o revoltou. Foi então que ele teria arrastado o adolescente até uma viela e lá percebido que a vítima tinha três cortes na sobrancelha.
Consta nos autos que o suspeito pegou um tijolo e um pau e continuou as agressões. Robson ainda afirmou que saiu do local sabendo que tinha deixado a vítima em estado grave, mas não disparou tiros. Na volta ao local de trabalho, em um box de venda de peixes na Vila do Mar, disse ao patrão que havia cometido uma besteira. Horas depois teria recebido informação que cinco homens dispararam contra o adolescente.