Acusado de matar advogada dentro de escritório em Fortaleza tem prisão preventiva mantida

O crime, ocorrido em junho de 2012, teria sido ordenado por uma policial civil, segundo as investigações

Um acusado de matar a advogada Maria Danielle Ximenes, dentro do escritório da vítima, em Fortaleza, teve a prisão preventiva mantida pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza, da Justiça Estadual. O crime, ocorrido em junho de 2012, teria sido ordenado por uma policial civil, segundo as investigações. Quase nove anos depois, o homicídio segue sem julgamento.

O juiz decidiu pela manutenção da prisão preventiva de Carlos Cley Rebouças Rocha, na última quarta-feira (19). Segundo o magistrado, "foi apontada a materialidade delitiva e os indícios de autoria do delito, conforme demonstrado na decisão que decretou a custódia provisória, bem como o perigo gerado pelo estado de liberdade para garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e o asseguramento da aplicação da lei penal".

Carlos Cley foi preso em Manaus, no Estado do Amazonas (sua terra natal), somente em março de 2019, quase sete anos após o crime. Conforme as investigações, a escrivã da Polícia Civil do Ceará (PCCE) Regina Lúcia Amorim Gomes o conheceu na prisão, em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e o contratou para executar o crime.

Homicídio motivado por disputas judiciais

A advogada Danielle Ximenes, aos 52 anos, foi surpreendida por um homem que adentrou ao seu escritório, localizado no bairro Cidade dos Funcionários, e efetuou vários disparos, na manhã de 22 de junho de 2012.

Mesmo baleada, ela falou para uma funcionária que o autor dos disparos era um homem que tinha marcado um atendimento com ela. Ela foi levado ao hospital, mas não resistiu.

As investigações policiais apontaram que o crime foi encomendado pela escrivã Regina Lúcia, que considerava que Danielle a atrapalhava em processos que movia contra um homem que tinha se relacionado, por partilha de bens. Havia várias ações judiciais em que a escrivã requeria bens do ex-companheiro, com quem afirmava ter vivido maritalmente e que era representado pela advogada.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Regina como mandate do crime e Carlos como o executor. A policial civil chegou a ser presa em novembro de 2012, mas foi solta em abril de 2013 pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), sob a alegação de que ela não representava nenhum risco à ordem pública. A escrivã sempre negou a participação no crime.

A Justiça Estadual pronunciou (ou seja, decidiu levar a julgamento) a policial Regina Lúcia, em julho de 2015. Mas o júuri popular nunca foi marcado. Na decisão que manteve a prisão preventiva de Carlos Cley, o juiz justifica que "o processo se encontra aguardando devolução da carta precatória expedida para fins de interrogatório do acusado, o qual se encontra preso em outro Estado da Federação, de modo que não há falar em desídia ou inércia deste juízo processante na condução do processo que se desenvolve em marcha regular, mesmo diante das adversidades provocadas pela pandemia do novo coronavírus".